quarta-feira, 17 de novembro de 2010

EROTISMO HERMÉTICO OU TU JÁ FICASTE COM VONTADE DE ENFIAR UM PEPINO NA VAGINA QUANDO LESTE A HAGIOGRAFIA DE UMA VÍTIMA DE ESTUPRO CONVERTIDA EM SANTA?

Esta deveria ser a parte 1 de 2 de uma enquete sobre a possível existência e diagnóstico de uma abstinência virginal de sexo. É possível? Vale a pena? No rádio, a faixa 1 do disco “Talking Heads: 1977” (1977), do grupo alternativo Talking Heads. Alternativo demais, talvez. Tanto que beira a obviedade. Algo que, definitivamente, o cineasta polonês Walerian Borowczyk não quis e não conseguiu em seu clássico (e, por vezes, enfadonho) “Contos Imorais” (1974), um dos filmes que mais desejava ver quando era pequeno e que, hoje, soou-me hiperestimado. Por que eu não gostei tanto? Porque soa enfadonho às vezes, hermético mesmo em sua pretensiosa crítica à hipocrisia religiosa.

Quatro estórias: na primeira, “A Maré”, um guri de 20 anos explica a sua prima, 4 anos mais jovem, que sua ejaculação tem a ver com o movimento das marés. Óbvio, logo, o melhor e mais simples dos episódios; no segundo, “Thérése Philosophe”, uma guria crente faz o que o título nos pergunta: enfia um pepino na vagina depois que é confinada num claustro, acusava de ter faltado à missa, e, ouvindo uma voz que pensa ser de Jesus Cristo, enquanto lê a hagiografia de uma santa que assim foi considerada depois que fora estuprada por um mendigo. É bonito e silencioso, devoto até, mas... e daí?; no terceiro, “Erzsébet Báthory”, a História entra em cena com H maiúsculo. Para quem não associou o nome à pessoa Erzsébet Báthory é a nobre húngara que recebeu o apelido de Condessa Drácula por gostar de banhar-se no sangue de aldeãs. Interpretada pela diva da moda Paloma Picasso, a condessa seleciona quais garotas merecem o (des)prazer de servirem de material coloidal rubro, muito rubro, para o seu banho, sendo lavada com água comum em seguida, graças aos esforços de uma cortesã por quem é atraída e por quem é também traída, sendo presa ao final; e, por fim, no quarto e último, “Lucrezia Borgia”, igualmente validado pela História, a famosa personagem-título fode com seu pai, Papa Alexandre VI, e com seu irmão clérigo, enquanto um protestante morre queimado pela Inquisição por protestar contra a devassidão dos membros da Igreja Católica. Não sei se gostei, mas é bonito. Quase óbvio, aliás, mas bonito. E enfadonho.

E, agora, o nome da faixa que o David Byrne interpreta à frente do Talking Heads é “No Compassion”, faixa 6. Vou comer um pouco de bolo de arroz com café e ver outro filme tendenciosamente erótico, mas não tão hermético quanto este. Há 3 semanas que eu não extraio nenhum material seminal característico de meu longevo “fornecedor”. Talvez seja uma nova forma de demonstrar fidelidade a uma paixonite que tendente à aniquilação. Ou à minha aniquilação. Ou à aniquilação do tempo. E adianta? Estaria eu com abstinência virginal de sexo? Faixa 10 do disco: “Psycho Killer”.

“I can't seem to face up to the facts
I'm tense and nervous and I can't relax
I can't sleep, 'cause my bed's on fire
Don't touch me I'm a real live wire”


Wesley PC>

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