quinta-feira, 21 de outubro de 2010

TESE DE CINEMA DE TERROR NORTE-AMERICANO DOS ANOS 1930 A 1945: AMOR NÃO-CORRESPONDIDO ENGENDRA ZUMBIS!

Pode parecer uma descoberta precipitada, mas não o é – e três filmes bastam para provar a minha tese: “Svengali” (1931, de Archie Mayo), “Zumbi Branco” (1932, de Victor Halperin) e “Voodoo Man” (1944, de William Beaudine), sendo que o segundo destes filmes foi visto por mim na manhã de hoje, quando acordei indisposto para ir ao trabalho. Se era um mal físico ou psicológico que me afligia? Não vem ao caso deslindar aqui, mas era do trabalho que eu precisava me afastar hoje – com tudo o que isto implica!

No maravilhoso e poético “Svengali”, conforme já comentado aqui, um hipnólogo conhecedor de música, “consegue controlar a voz da mulher que ama, mas não o seu coração”, conforme diz a sinopse. Morrerá solitário. No surpreendente “Voodoo Man”, um velho feiticeiro eternamente apaixonado por sua amada falecida há muito tempo seqüestra moças bonitas e jovens, a fim de roubar-lhes a essência e deixar de ser viúvo. Morrerá solitário. No extraordinário (e intermediário) “Zumbi Branco”, o problema é mais sério: é político, é social! E eu tive que ficar em casa para não enfrentar o “trabalho”...

A trama do filme se passa no Haiti. Um casal apaixonado passeia de carroça por uma viela e testemunha um funeral vodu. “Por que eles estão enterrando esta pessoa no meio da estrada?” – “Porque, ao menos aqui, eles terão a segurança de que o defunto não será profanado”, é a resposta. Em seguida, descobriremos que um rico latifundiário é completamente obcecado pela jovem que irá se casar com outra pessoa. E ele usa trabalho escravo em seu moinho: negros falecidos, transformados em zumbis, andando em círculos, sem cobrar hora extra por seu esfolamento empregatício. Aí surge Bela Lugosi: interpretando o conselheiro místico do latifundiário, ele explica como se dá a escravidão ‘post-mortem’. E somos apresentados a uma longa seqüência onde os zumbis negros trabalham. E dói, de tão bonito e protestante!

Quando o latifundiário pede que seu conselheiro mate e, em seguida, zumbifique sua amada proibida, o noivo dela enlouqueceu. Ele chora, sofre, se embebeda, sombras e avantesmas surgem diante dele e o título do filme é magnânima e metaforicamente justificado. E eu grito: “caralho!”. Tive que usar um palavrão, pois não acreditava no que estava a presenciar. Um dos filmes de terror mais fortes que vi – é tem exatos 78 anos de idade!

Wesley PC>

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