terça-feira, 19 de outubro de 2010

“PROFUMO DI DONNA” (1974) OU POR QUE EU ESTOU VIVO AGORA!

Já escrevi um texto imenso e empolgado sobre este filme em meu Fotolog, mas não foi nem um pouco suficiente para aplacar o quanto “Perfume de Mulher” (1974, de Dino Risi) me fez bem, o quanto este filme é maravilhoso! Cada segundo de película esmagava de prazer meus sentidos, mostrava-me o quanto a vida pode ser – e é, efetivamente – maravilhosa em cada segundo, não importa o quanto estejamos (voluntariamente ou não) submetidos a privações como os sentidos... É um filme que merece, sem reservas, um adjetivo que eu utilizo com cuidado cada vez mais reservado: PERFEITO!

Já tinha visto a perniciosa regravação norte-americana mais de uma vez em minha vida e sempre me irritava violentamente com os aspectos que nãos constam nesta obra-prima original: em ambos os roteiros, um jovenzinho pobre e submetido ao serviço militar como fonte de renda aproveita um saldo de férias para cuidar de um capitão aposentado por invalidez: sofrera um grave acidente de trabalho, perdera uma mão e a visão, e agora está rabugento, carecendo de um pretexto semanal para tentar reviver os maiores prazeres de sua juventude. Se, no segundo filme, estes prazeres são acompanhados pela reabilitação moral (no sentido mais tacanho do termo) dos dois protagonistas, jovem e velho, e pela propaganda descarada de uma dada marca de automóveis, o primeiro não tem reservas: desce ao submundo da prostituição italiana, das canções bregas de Peppino Di Cappri, à vida cálida que tanto caracteriza o cinema daquele país. E, como se não fosse suficiente, lá estava um de meus músicos favoritos na merencória e terna trilha sonora: o companheiro climático de Ettore Scola, Armando Trovajoli. Epifania, meu Deus, epifania!

E, como se o enredo do filme não fosse suficientemente emocionante, acabo de descobrir mais um dado pungente sobre ele: o belo e ingênuo jovenzinho Alessandro Momo, que interpreta o imberbe acompanhante do austero Fausto (magnífica personificação do genial Vittorio Gassman) falecera cinco dias antes de completar 21 anos de idade, no ano mesmo em que este filme ficara pronto, em decorrência de um acidente de moto, sendo que o veículo em pauta fora empolgadamente comprado com o salário que o ator recebera por sua terna participação no filme. Glupt! Tão lindo ele... E eu que imaginava a mim mesmo morrendo virgem enquanto contemplava sua passagem pela tela!

Se o filme já era perfeito por si, dotado de mais este contributo efetivamente dramático, é soberanamente escalado como um dos melhores de minha vida, como um dos filmes que melhor me servirão de cartilha comportamental, como uma aplicação respeitosa e não onerosa do ‘carpe diem’ religioso. A cena mostrada em fotografia, infinitamente mais melancólica do que necessariamente sensual, que o diga. Vale frisar: a bela rapariga está nua e apaixonada, mas o protagonista é cego. Obra-prima!

Wesley PC>

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