segunda-feira, 11 de outubro de 2010

GLEE – 2ª TEMPORADA (BREVES NOTAS SOBRE UM PRODUTO CULTURAL DE MASSA):

Não há motivo para pânico: creio que não voltarei a ser um “Glee-maníaco” como outrora. Tanto é que relutei em fazer aqui qualquer tipo de comentário sobre os episódios desta segunda temporada, mas o que eu senti durante o episódio 3 (“Grilled Cheesus”), em contraste com as altíssimas estatísticas de audiência, diametralmente opostas à qualidade dos novos episódios, merece ao menos algumas notas:

1 – “Grilled Cheesus” (algo como “Queijus Grelhado”) aborda as variações religiosas dos personagens. O boboca Finn (Cory Monteith), entrevistado em foto, deixa queimar uma torrada acima do ponto e crê que há a efígie de Jesus Cristo estampada em sua comida, o que leva-o a utilizar de forma oportunista as benesses da oração, ao mesmo tempo em que seu novo meio-irmão, ‘gay’, ateu e apaixonado por ele, enfrenta um baque pessoal quando rejeita as sinceras e variegadas demonstrações de fé demonstradas por seus amigos quando seu pai sofre um ataque cardíaco. Tinha como isso dar certo? Por incrível que pareça, deu!

2 – Não lembro quando foi a última vez que vi um seriado adolescente em franca decadência intelectual como este sobre o qual agora escrevo abordar com tamanha percuciência entretenedora um tema religioso. E, como o seriado é predominantemente musical, sobra espaço para canções judaicas, ‘black gospels’, eminentemente católicas, a cafona “One of Us” (da Joan Osbourne) e, para minha surpresa, “Losing my Religion”, do R.E.M.. E como música + religião + pós-adolescentes abobalhados e bonitos = emoção capitalizada, fui fisgado.

3 – Poupo-me de relacionar mais detalhes sobre o episódio citado por mera precaução intelectiva, mas, de coração, se a Indústria Cultural obtém este tipo de êxito e expectativa sobre mim, é porque eles sabem bem quais carências foram propositalmente estimuladas desde que eu me entendo como espectador. Eles arregaçam o buraco em minh’alma de devorador simbólico e preenchem o vazio com mais soluções evasivas, mais ou menos como as deturpações ideológicas de algumas religiões costumam fazer. Ponto grande para o seriado!

Wesley PC>

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