domingo, 3 de outubro de 2010

A FORMIDÁVEL MORAL SECUNDÁRIA:

Apesar de já ter sido apresentado a “O Caderno Rosa de Lori Lamby” há muito tempo, graças a um ótimo curta-metragem dirigido por Sung Sfai em 2005, somente na última quinta-feira tive a oportunidade de ler o clássico livro de Hilda Hist na íntegra, em um ônibus! Para quem ainda não conhece, “O Caderno Rosa de Lori Lamby” narra as descobertas sexuais surpreendentes de uma garotinha de 8 anos que se submete desde cedo – e voluntariamente – às agruras e prazeres da prostituição. Narrado com inocência e sensualidade altissonantes, este livro foi obviamente censurado por muito tempo como “obra pornográfica e apologeticamete pedofílica”, mas foi redescoberto e cultuado por amantes legítimos da Literatura. Sinto orgulho de incluir-me em pelo menos uma das categorias definidas por esta expressão composta por três palavras tão fortes (amante, legítimo, Literatura). Entretanto, para além da óbvia identificação pessoal e do deslumbramento demorado que o rigor metalingüístico-citacional da autora me causou, foram as ilustrações ternas e igualmente sensuais de Millôr Fernandes que me fisgaram à parte. E, no posfácio da edição que possuo, há uma pequena fábula de autoria do ilustrador que precisa ser aqui reproduzida:

“Um cara tá perdido no deserto, acompanhado apenas por seu cãozinho de estimação. Há horas, dias e tal sem comer nem beber, está próximo do desespero. Até que, olhando bem seu cão, no auge de seu delírio famélico, mata-o e o devora. Quando, enfim, já está a roer os ossos, começa a chorar comovido: ‘ah, tadinho do Lulu, ele iria gostar tanto de roer estes ossinhos...’ E o Millôr é demais, a história tem moral: ‘o despertar dos belos sentimentos uma vez satisfeitas as necessidades básicas’”. Glupt!

Acho que deixarei minha intenção com esta postagem em aberto: (...)
Wesley PC>

Um comentário:

tatiana hora disse...

essa frase destacada entra pra história da minha vida!