terça-feira, 12 de outubro de 2010

“DO THINGS, CHANGE THINGS”: EU SINTO QUE AINDA VOU FALAR MUITO SOBRE ISSO...

Na manhã de hoje, peguei mecanicamente um disco metálico envolto numa embalagem laranja e o pus em meu aparelho reprodutor de DVDs. Tratava-se de uma coletânea com clássicos menores hollywoodianos, sobre os quais pouco ou nada conhecia, mas que foram salvos por que estavam sem legendas e eram dirigidos por diretores consagrados (mas que ainda estavam em início de carreira), o que me ajudaria a treinar minha recepção anglofílica e investigar traços primevos de estilo em obras de arte injustamente subestimadas, respectivamente. Era o suficiente para um bom começo de feriado.

Dentre os 6 filmes disponíveis no referido DVD, optei por “Duas Vidas” (1939), tradução nacional para “Love Affair”, de Leo McCarey. Nada conhecia sobre o enredo, mas não bastaram sequer 10 minutos para que eu constatasse que aquele encontro romântico fugidio num cruzeiro tratava-se do mesmo foco de enredo que seria regravado 18 anos depois pelo próprio Leo McCarey em “Tarde Demais Para Esquecer” (1957) e homenageado de forma simultaneamente insípida e simpática pela quase frígida Nora Ephron em “Sintonia de Amor” (1993): uma mulher conhece um homem, apaixona-se, não pode assumir esta paixão no exato momento e, como tal, marcam um reencontro meses depois, que não talvez não seja efetivado por um fatídico acidente, até que...

Não dá para falar muito, é lindo! Porém, o que mais ficou martelando meus sentidos após o filme (para além do fedor de pus que exala de minhas fossas nasais em razão da sinusite avançada) foi o que leva alguém a querer regravar uma obra quase perfeita como esta: para quê? Para estragar o que já é suficientemente belo? Para triplicar os beijos e diálogos interditos e manter, assim, em perene fixação quem sofre por amor? Para vender tristeza e esperança num mesmo pacote evasivo hollywoodiano? Seja qual for a resposta, e assumindo aqui que gosto muito das duas versões posteriores, recomendo mais do que nunca o original: “Duas Vidas” é um filme que precisa ser conhecido, sentido e revivido!

Wesley PC>

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