Às 2h da madrugada de hoje, eu estava atônito. Tinha acabado de rever “As Horas” (2002, de Stephen Daldry) e é como se ele sempre estivesse lá, como se eu sempre tivesse vivido aquilo. E me deu tanta raiva. Porque é um filme lindo, mas me dá tanta raiva. Porque é um estranho elogio à tristeza, à melancolia, à depressão, como senão houvesse outro caminho... Mas é tão lindo! Talvez eu devesse entrar em um contato mais íntimo com Virginia Woolf... Talvez eu devesse ter mais cuidado com ela. Eu e meu amigo Américo planejamos ler “Sra. Dalloway” (1923), em inglês, a partir de sexta-feira. Eu e ele marcamos de ver o mesmo filme na noite de hoje. Eu e ele percebemos aspectos bem diferentes sobre o mesmo filme, mas eu e ele emocionaremo-nos sobremaneira. Este filme consegue!
O que mais me surpreende é justamente isto: este filme consegue! Ainda que ele seja disrítmico, ainda que eu ache o personagem de Ed Harris supérfluo, ainda que eu considere a diva Meryl Streep fora de tom aqui, ainda que padeça de uma depressão incomodamente esquemática, ele consegue! O ótimo argumento literário de Michael Cunningham, a trilha sonora deslumbrante de Phillip Glass, o olhar de perpétua amargura de Julianne Moore, os beijos lésbicos cheios de culpa e pecado, o tédio e o fastio esmagador, a vontade de se matar que não abandona o palco da vida... Que filme esmagador é este?!
Como é que eu posso dormir tranqüilo depois de ver uma coisa destas? Tem uma judia cantando algo em meu aparelho de som, mas a amargura ‘in crescendo’ daquelas mulheres e homens que protagonizaram este quase excelente filme, repleto de defeitos até a tampa, não me sai da cabeça... “Sempre encarar a vida de frente... E saber... e amar… Sempre os anos entre nós… Sempre o amor… Sempre, as horas”… Lindo! E terrível!
“Tenho que dormir!”: assim eu tinha pensado e escrito às 2h30’, enquanto aguardava o sinal de Internet voltar a funcionar e poder publicar este texto desconexo e clemente. Não deu certo. Tentei novamente às 7h da manhã de hoje, mas não deu certo. Aí eu emprestei o DVD para um menino bruto e bonito e este deu um parecer completamente diverso sobre o filme deste que eu tento agora explicar...
Wesley PC>
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5 comentários:
acho que sem saber, amigo Wesley, entrou em contato comigo.
sobre isso, prefiro não escrever mais nada.
abraço carinhoso.
the hours...
Digo que achei fantástico. Achei seu blog acidentalmente e não me arrependi de ter continuado a leitura. Escreves extremamente bem amigo Wesley
(risos)
Este texto é "desconexo e celemente", como eu disse... Isso porque é isso o que este filme faz conosco, sendo ele justamente coeso e clemente, a definição perfeita de esquematismo. Tentei encontrar algum 'blog' responsivo para agradecer o comentário do Lucas, mas não encontrei...
E, sim, Tiago, deixaste-me curioso.
E, Américo, amanhã começaremos "Mrs. Dalloway", não é?
Ansioso e temente...
WPC>
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