quarta-feira, 1 de setembro de 2010

SE EU GOSTEI DO 'SHOW'?! BOM...

Já entrei em várias discussões polêmicas tentando defender meu ponto de vista confuso (até para mim mesmo) sobre o porquê de eu preferir ouvir discos de estúdio do que participar de concertos ao vivo. Um dos motivos principais desta minha preferência não intransigente está no fato de que nem sempre me filio às concessões de público a que os artistas são obrigados a se submeter, se quiser continuar a ter um público para lhe fazer exigências.

Pois bem, na recente passagem do guitarrista Dado Villa-Lobos por Sergipe, eu fiquei tão encantado pelo charme dele que não agüentei: fui para a frente do palco. Puxei meu cúmplice Américo pelo braço (e vice-versa) e cantei alto todas as canções que sabia. Um bando de guris insistia em clamar pela Legião Urbana, pedia que o artista cantasse músicas compostas e popularizadas por Renato Russo. E, aos poucos, Dado Villa-Lobos atendia, para minha frustração (que queria ver suas músicas ou, no mínimo, as versões de canções alheias e afins que compõem seu álbum solo) e vergonha (algo que Anderson Luís e outras pessoas hão de concordar comigo) ao que o público pedia e encetava canções mais do que cultuadas como “Eu Sei”, “Por Enquanto” e “Que País é Esse?”. E, enquanto parte do público ia ao delírio, outra parte reclamava: “que bom que eu não paguei para ver este ‘show’, senão eu iria sair bastante chateado”....

Quanto a mim, se gostei? Julgando tudo o que ali vivi de forma bastante subjetiva (tem como não ser?) não titubeio em dizer que gostei muito. Não obstante a exigüidade de músicas próprias e alguns outros problemas “previsíveis”, não conseguia desviar meu olhar do magnetismo ‘pimba’ do guitarrista, incapacidade desviante esta que chegou ao ápice durante a execução da faixa tardia do Legião Urbana, “Dado Viciado”, cuja letra fala sobre a destruição cotidiana de um hipocorístico homônimo do artista, progressivamente viciado em heroína. Fiquei espantado com o bom humor do artista e com sua capacidade de auto-afirmação nestes termos, o que soou deveras estranho quando somado aos discursos conservadores do DCE que permearam todo o evento e à ode à formação universitária convencional que o guitarrista pôs para fora em dado momento do final de seu concerto. Digo mais: fiz de conta que não ouvi isso. Estive lá para me surpreender com seu elã e foi isso o que aconteceu – Por mais que tenham ficado em minha frente em mais de um momento!

Wesley PC>

4 comentários:

Renison disse...

Queridinho, sabe o quanto aquilo significava para aqueles que cresceram ouvindo e acompanhando o trabalho da banda?! É tão facil julgar quando não se sente... O Dado sabe muito bem o que sentimos, tanto que soube corresponder.

Pseudokane3 disse...

Bom, não foi o meu caso... Minha decsrição da experiência foi SUBJETIVA, conforme fiz questão de deixar bem claro no texto...

Com bem sabes, Renison querido, descobri Legião Urbana tardiamente, graças justamente a ti e áquele disco de 1997. Como as canções que ele cantou pertencem a faixas do primeiro e terceiro disco (que são os que menos gosto), falhei um pouquinho na recepção...

Mas "Por Enquanto" e "Dado Viciado" foram momentos altos - Emocionei-me como tu, juro! Ao te ver, então...

tatiana hora disse...

deve ser difícil ser músico..
tocar sempre as mesmas músicas, querer apresentar músicas novas, e grande parte das pessoas nem aí...
e geralmente as bandas cedem mesmo..
no caso de ontem, na verdade eu não conheço o trabalho de Dado, então não me frustrei com isso, mas entendo essa pequena chateação.
você podia depois postar a matéria sobre o show...

Pseudokane3 disse...

Então, CEDER é tranqüilo, eu amo e entendo isso...


O que me preocupou ontem foi a supressão das canções prórpias do artista em prol de canções do Renato Russo, de composições que não eram suas... Ou pelo menos, naõ de todo, não no contexto atual e dominante...


Emocionei-me ao cantarolar algumas das canções da Legião Urbana, inclusive, mas, pôxa, queria cantar também aquelas que destquei na resenha do "Jardim de Cactus"... Ele só cantou 2 músicas prórpias! O resto eram 'covers' de os The Dárma Lovers, Bob Dylan, Joy Division, Capital Inicial e 75% de Renato Russa... PÔxa!

Não que tenha sido ruim, longe disso, mas... Não era o que estava esperando!

A frase sobre a frsutração do ingresso foi proferida por Rogério, lógico, mas... Por dentrop, eu meio que concordo!

WPC>