domingo, 12 de setembro de 2010

PARA AMAR, É NECESSÁRIO DESOBEDECER A UM MANDAMENTO?

Krzysztof Kieslowski (1941-1996) responde a esta questão falaciosa com dez brilhantes médias-metragens, reunidos na série televisiva “O Decálogo” (1989-1990), que é, acima de tudo, cinematográfica ao extremo. Sempre que estou a vivenciar algum tipo de crise amorosa, faço o possível para rever algum dos filmes desta série e foi o que acabei de fazer: estive novamente diante de “Decálogo 4” (1988), que justifica o tom falacioso da pergunta-título através de um mandamento religiosa básico e generalista: “amai ao próximo como a ti mesmo” – e é isto o que cada um dos personagens de cada um dos dez filmes tenta fazer!

No caso específico do “Decálogo 4”, “Honrai Pai e Mãe”, a protagonista Anka (Adrianna Biedrzynska) é uma atriz aspirante de teatro que percebe que seu pai (Janusz Gajos) nutre desejos eróticos por ela. Ela teme retribuir a estes sentimentos, ao passo em que não lida bem com as paixões que sente por alguns colegas de classe. Um dia, antes que seu pai viaje a trabalho, ela descobre uma carta escrita por sua mãe, morta cinco dias depois de ela nascer. O que estaria escrito naquela carta a ela endereçada, dentro de um envelope onde se lê “a ser aberto somente depois de minha morte”?

Não sei se o filme responde bem a esta questão (esta não é a intenção do mesmo, aliás, por isso, eu só alimento o suspense: vejam o filme!), mas a pungente tensão sexual que se instaura nos preciosos 55 minutos de duração merece aqui a minha mais profunda recomendação, tanto no plano cinematográfico propriamente dito quanto no plano desejoso da interpretação de minhas próprias sensações indefinidas no que tange ao afeto que sinto por outrem. Quase uma obra-prima. Ave, Krzysztof Kieslowski!

Wesley PC>

Um comentário:

tatiana hora disse...

como também estou passando por uma crise amorosa, acho que preciso ver esta série.
aliás, acho que nunca soube lidar com o amor.