quinta-feira, 2 de setembro de 2010

“A GENTE PODE SE SENTIR LIVRE MESMO SEGUINDO REGRAS PORQUE SOMOS NÓS MESMOS QUEM FAZEMOS ESTAS REGRAS”...

Esta foi mais ou menos a conclusão aforística a que uma de minhas professoras chegou na manhã de hoje quando explicava a sua turma como se constituíam os quatro tipos de poderes (econômico, político, coercitivo e simbólico) segundo definição do teórico inglês John B. Thompson, a partir de taxonomia bordieuiana. E, foi de posse deste referencial, que eu me surpreendi levemente diante de “Garoto Estúpido” (2004, de Lionel Baier), filme suíço mui elogiado pelo público ‘gay’. Pensava que fosse detestá-lo. Não foi o caso. O filme vai muito além do que as imagens de divulgação permitem antever...

O protagonista Loïc (Pierre Chatagny) é um garotinho realmente estúpido, que passa o dia a programar encontros sexuais para Internet e se chateia quando os homens com quem fode começam a conversar com ele. Por causa desta subsunção atroz à carnalidade, ele fica sem saber o que quer dizer impressionismo, blasfêmia ou quem foi Adolf Hitler. Pesquisa rapidamente sobre tais assuntos numa enciclopédia e depois conversa com uma amiga, com quem nutre uma relação possessiva que ultrapassa as conseqüências triviais do ciúme. Depois que ele se apaixona por um jogador de futebol português, fatos do destino que resultam em morte obrigam-no a conscientizar-se. Ou talvez, conscientizar-se de que conscientização não é realmente algo que ele quer. Assim sendo, após presenciar uma passeata contra a globalização, ele mergulha numa divagação conscienciosa mui similar (quase um plágio) àquela que marca o desfecho de “Trainspotting – Sem Limites” (1996, de Danny Boyle), mas... Não sei bem se entendi o que o diretor e roteirista quis dizer com isso... O final do filme é ambíguo, literalmente!

Apesar de recair em vícios caros ao sobre-gênero filme ‘gay’, “Garoto Estúpido” possui qualidades mui recomendáveis no que tange à ampliação dos objetivos e interesses de homossexuais jovens e promíscuos, ensinando-os que existe algo mais do que vibradores pretos e ‘piercings’ testiculares no mundo. Posso não ter gostado muito do filme, mas a sua própria ambigüidade estrutural faz com que ele valha à pena. Recomendo brandamente.

Wesley PC>

Um comentário:

WiLL éGEA disse...

Amei o seu blog. Dei MUITAS risadas. E valeu pelas recomendações de filmes/livros, alguns realmente chamaram a minha atenção.