sábado, 11 de setembro de 2010

COMO SE EU REALMENTE TIVESSE DEIXADO MINHAS UNHAS CRAVADAS NO ÔNIBUS DA PARTIDA...

Passei manhã e tarde de hoje num município inóspito chamado Santana de São Francisco. Trabalhei como fiscal de uma prova estudantil, em que diversos garotinhos egressos de escolas públicas precárias encantavam-se com a possibilidade de serem nacionalmente laureados. Enquanto eles faziam as provas, eu passeava pelas dependências da escola e deparei-me com banheiros depauperados, sujeira em todos os ambientes, a dilapidação costumeira da Indústria Cultural exalando dos altissonantes aparelhos de sons vizinhos... Ao passo, porém, que eu me entupia de compaixão sincera por aquelas pessoas, tentava justificar para mim mesmo e para outrem o porquê de ser do jeito que sou no que tange às minhas paixonites obsessivas (uma delas em particular). Fui reapresentado ao mundo no trajeto.

Antes de dormir, na noite de ontem, havia visto um filme italiano chamado “O Tigre e a Neve” (2005, de Roberto Benigni), em que seu diretor é costumeiramente criticado por abordar de forma superficial os horrores da guerra do Iraque. Enquanto bombas explodiam, pessoas morriam, e os norte-americanos cometiam erros de julgamento balístico num país estrangeiro, o protagonista do filme lutava contra tudo e contra todos para conseguir remédios para sua amada comatosa. E, por mais que eu tivesse plena consciência de que o filme era defeituoso, inverossímil e afetivamente oportunista, ele me afetou lancinantemente, identifiquei-me bastante com ele e concordei sobremaneira com a crítica anglofílica alheia, acima acostada. Que fique o dito pelo não-dito, por enquanto...

Wesley PC>

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