sexta-feira, 13 de agosto de 2010

SEMIÓTICA BÁSICA: VERMELHO SIGNIFICA “PARE”!

Nesta noite de quinta-feira, eu revi “Lua de Fel” (1992, de Roman Polanski) pela enésima vez. Juro: não sei quantas vezes já vi este filme canônico, mas desde a minha adolescência que eu tinha certeza de que esta obra sobre amores extremos era o que melhor me definia no que tange às minhas propensões relacionais e sexuais. Digo mais: revi-o hoje com um propósito expansivamente terapêutico, no sentido de que duas vizinhas confessaram-me recentemente seus respectivos términos de relacionamentos amorosos em virtudes de traições conjugais. Achei que o filme seria ideal para conversar maduramente sobre o assunto com elas duas. Não estive de todo errado...

A primeira das garotas já foi muito comentada por aqui (não cito os ‘links’ por mera precaução expositiva) e, conforme dito em outras ocasiões, enfrentou muito preconceito por parte de nossos vizinhos, em razão de ser gorda e pobre. Tende, porém, a exagerar na simpatia e, como tal, afeiçoou-se ao companheiro de biritas de um amigo em comum. Agarraram-se algumas vezes, mas uma vizinha casada, parida e ninfomaníaca acabou com o pentenho dela: deu em cima do tal guri e hoje ela está triste.

A segunda das garotas eu conheço desde que ela tinha uns 6 anos de idade. Hoje, tem 18 anos e compartilhava demoradas carícias com um rapaz que não me suporta e que bebe e fuma além da conta. Numa destas bebedeiras, beijou outra garota em público e foi visto pela mãe de sua namorada, que jura que nunca mais dirigirá palavras a ele. A garota não admite. Mas está triste, muito triste.

Acompanhado por estas duas garotas com o coração recentemente partido, deliciei-me e amargurei-me novamente com as diversas reviravoltas do ótimo filme de Roman Polanski, em que dois casais interagem de forma drástica num transatlântico: um dos casais é elegante e refinado; o outro, vulgar e desbocado. Ao final, não haverá muitas diferenciações plausíveis entre eles. Paixões violentas extinguem limites, fronteiras, asseios...

E é aí que eu entro: exigiram-me respeito no que diz respeito à divulgação da imagem alheia. E este respeito duplo é prenhe de razão: que direito tenho eu de expor os outros? Que ganho eu com isto? A quem mais eu atinjo e firo, do que a mim mesmo? Consciente e racionalmente, eu poderia responder com razão e cautela a cada uma destas perguntas, mas sou doente: padeço de um caso extremo de paixonite, de uma violência no ato de amar que destrói muito do que está ao meu redor. Tal qual já foi dito nalguns textos bem-aventurados sobre projetos inclusivos de segurança pública, meus surtos confessionais envolvendo a paixão que sinto por outrem deveria ser tratado do mesmo modo que o vício em ‘crack’: não como um caso de polícia, mas de saúde pública. Talvez eu precise mais de internação médica do que detenção criminal, posto que surto, que me descontrolo, que erro mesmo quando juro não mais cometer uma infração desrespeitosa. Ouso jurar respeito agora mais uma vez: conseguirei? Terei novos assuntos que substituam minha verve apaixonada no limiar da obsessão? Que não sucumba eu por falta de tentativas...

Wesley PC>

3 comentários:

Nina Sampaio disse...

Nossa! Esse é um dos meus filmes preferidos. Inclusive até andava com a imagem dele no msn (coisa adolescêntica essa, né? Mas, fazer o quê?).
São tantas as perguntas, né Weslinho? Mas, uma das que temos é: amor é dor?
Comungo com você de muitas coisas, pois sou uma exagerada. E nãos eria diferente quando o assunto é amor.
Mas, aprendi a cumprir as promessas...Isso também nos deixa tristes, muito tristes...Como as tuas duas amigas ou até mais...
Beijos.

A. Everton Rocha disse...

Lendo e relendo fico me perguntado se ele fora cruel ou não contigo? Nei sei o que dizer!

Pseudokane3 disse...

LUA DE FEL sempre funciona comigo - desde que eu tinha 15 anos de idade, Nina. Talvez amor seja dor, sim, mas é muitas outras coisas também! Quanto às promessas, tal qual o protagonista infantil de DOM CASMURRO, eu tento, sempre...

Quanto a ele ter sido ou não "cruel", caro Everton, questiono-me também se eu não agi desta forma também, sem o saber ou querer...

A vida é mais complicada do que alguns textos querem fazer supor... Chuif!

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