sábado, 7 de agosto de 2010

O VERDADEIRO ESCÂNDALO CONSISTE EM AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS!

Preciso pedir perdão pelo que vou fazer agora, mas não conseguirei dormir sem resumir aqui parte do impacto que “El Sacerdote” (1978), filme do basco Eloy de la Iglesia a que acabo de assistir e que, de coração, deixou-me impactado. Não por suas imagens fortes de auto-mutilação ou crise sexual, mas pelo viés político anti-franquista praticado no auge de um sistema repressivo, pela fé supra-institucional que o filme legitima, pela inventividade cinematográfica que agora se descortina diante de mim... Maravilhoso!

Quando pus o filme no aparelho reprodutor de DVDs, minha mãe ainda estava na sala. Ela viu a abertura iconográfica do filme e comentou comigo: “olha só, parece ‘Marcelino Pão e Vinho’ (1955, de Ladislao Vajda), né?”. Eu sabia que não, mas preferi não responder nada. Deixei que ela visse e ouvisse com seus próprios olhos e ouvidos: numa das primeiras seqüências, o padre protagonista deixava cair a hóstia consagrada ao deparar-se com uma imponente mulher que entra em sua igreja. Na seqüência seguinte, um padre socialista lista Jesus Cristo como sendo parte de sua teoria sobre filhos célebres de mães solteiras. Na subseqüente, o padre do início lembrava da primeira vez que praticou sexo com uma mulher. Até que o filme terminasse, acompanharíamos um filho ser espancado pelo pai porque optou pelo celibato santo, seríamos cúmplices de uma competição de pênis adolescentes que culminaria no estupro de um pato e saberíamos que as funções urinárias não seriam de todo prejudicadas após o ato extremo de cortar a própria genitália indutora de pecado. Para além do choque que qualquer uma destas seqüências pode provocar, o toque discursivo genial de Eloy de la Iglesia: é realmente o sexo um pecado? As possibilidades responsivas enumeradas pelos diversos sacerdotes do filme são simplesmente anagógicas!

Peço novamente perdão para interromper este texto estupefato e declarar aqui meu amor irrestrito a uma noção de Deus que não me impede de praticar o que considero amar ao próximo, mesmo que isto implique em empanturrar a minha boca com testículos alheios ou engasgar-me com fluidos eróticos. Amo a Deus porque não me vejo impedido disso! Amo a Deus porque isto não me impede de fazer qualquer coisa que eu realmente deseje e considere necessário! Amo a Deus porque isto implica amar muitas outras pessoas por extensão. Amo a Deus porque vejo n’Ele a extensão suprema do que é o próprio amor. Amo a Deus porque amo a Deus. Ponto!

Wesley PC>

Um comentário:

Unknown disse...

Eu compartilho em parte da mesma opinião: amo o autor pela sua obra: Amar a Deus é amar é o que Ele cria com amor...
Gostei muito de suas opiniões sinceras e contundentes, gostaria que visse meu blogue: bloguedofrido.blogspot.com, e meu twitter, onde divulguei o Gomorro^^:
OFrido. Txau