quarta-feira, 18 de agosto de 2010

FALTEI AULA POR CAUSA DE AGNÈS VARDA – E FIQUEI MAIS INTELIGENTE POR CAUSA DISSO!

Mesmo não sendo intencional, eis o que aconteceu: teria aula às 7h da manhã de hoje, mas acordei tarde (por volta das 6h40’) e fiquei angustiado para ver o final do média-metragem que comecei a ver antes de capotar de sono: “Os Panteras Negras” (1968, de Agnes Varda), sobre a série de revoltas e protestos que varreram os EUA quando da prisão do líder negro Huey P. Newton (1942-1968), que tornou-se famoso enquanto protestante e defensor dos diretos iguais para todas as raças, mas que acabou sua vida como traficante de drogas, assassinado por um rival, demonstrando que a estratégia do FBI em saturas os bairros pobres nortes-americanos com substâncias tóxicas fora muito bem sucedida. Porém, não é esta decadência discursiva provocada que está em pauta no documentário de Agnes Varda, mas o auge do próprio processo revolucionário, o calor válido do momento de revolta!

Além de ser muito inteligente e fundamento em suas propostas combativas, Huey P. Newton era muito bonito fisicamente. Conheci-o através do bom filme biográfico “Panteras Negras” (1995, de Mario Van Peebles) e, desde aquele momento, ficara apaixonado por sua estória, por seu fervor legislativo-defensivo no que tange ao direto de os negros poderem usar armas como qualquer outro cidadão estadunidense (sic). No comando dos Panteras Negras, portanto – grupo este que também protagonizou “Sympathy for the Devil/ One Plus One” (1968. de Jean-Luc Godard) – Huey P. Newton implantou vários estratagemas genais de protesto, como, por exemplo, distribuir massivamente o livro vermelho de Mao Tse-Tung entre os universitários. Infelizmente, não deu certo por muito tempo, mas... Ele tentou, ele (me) comoveu!

No filme, jovens negros cantam contra a bruta intervenção policial, em prol da assunção de que o inimigo da causa deles não são os brancos (“irmãos de sangue” que nem eles), mas as instituições mantenedoras do racismo. Sempre me empolgo deveras quando escuto alguém proferir este tipo de discurso racional e consciencioso, e não foi diferente na manhã de hoje: empolguei-me tanto com o filme, com os discursos ali proferidos que, quando fui ver, já eram 8h20’. Perdi aula, mas como eu aprendi vendo este filme! Agnès Varda sempre me proporciona esta certeza!

Wesley PC>

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