quinta-feira, 26 de agosto de 2010

DA SOLIDÃO NÃO SOLITÁRIA (OU: CUSTAVA TER FEITO UM ESFORÇO?)

Creio que a pergunta deva ser direcionada também para mim. Acabo de ver “O Espírito da Colméia” (1973), filme taciturno do espanhol Victor Erice e não sei bem se apreendi o filme da forma que se deve... Estava impaciente durante a sessão, com a mente perturbada por descrições equivocadas do filme, que é publicitariamente divulgado por um viés que ignora outros vieses coletivos da depressão que assola a pequena e maravilhosa protagonista...

Em “O Espírito da Colméia”, há um pai envelhecido que cultiva abelhas e ensina suas filhas a diferenciar cogumelos comestíveis de cogumelos venenosos. Uma delas tenta estrangular um gato e se finge de morta. A outra tenta reanimar alguém que não sabia estar se fingindo de morta e amarra os cadarços de um homem que vai morrer. A mãe é triste, o pai é triste, a professora é triste, o personagem visto no cinema é triste. A tristeza mata, mesmo quando não quer assim...

“Custava ter feito um esforço?”: pergunto eu, não somente a mim. Depois, vêm reclamar comigo que “relacionamento conturbado” é uma expressão proibida... Talvez devesse realmente ser, se a prática não conduzisse a tal. Custava ter feito um esforço?

Na cena mostrada em foto, meu coração tremeu: serão as garotinhas pisoteadas por um trem vindouro? É isso mesmo que elas querem, enquanto estratagema para se livrar da solidão reinante? Saberia eu definir com precisão o que é um espírito? Deus meu, por que existem filmes como este?!

Wesley PC>

Um comentário:

tatiana hora disse...

esse filme parece interessante...
engraçado, eu me fiz essa pergunta do título repetidas vezes ontem..