terça-feira, 10 de agosto de 2010

ANTES A INDIFERENÇA? – PARTE 3

“Não tenho a menor intenção de glorificar ‘H. H.’. Trata-se, sem dúvida, de uma pessoa horrível e abjeta, notável exemplo de lepra moral, que assume um tom entre feroz e jocoso talvez para esconder o mais profundo sofrimento, mas que não inspira qualquer simpatia. É cansativo em suas idiossincrasias. Muitos de seus comentários incidentais sobre o povo e a paisagem deste país são ridículos. A sinceridade desesperada que permeia sua confissão não o absolve dos pecados de uma astúcia diabólica. É um ser anormal, nada tem de ‘gentleman’. Mas com que acordes mágicos seu violino evoca uma ternura”...

Do prefácio metalingüístico de “Lolita” (1956), romance de Vladimir Nabokov que periga ser um dos melhores que lerei, em que, obviamente, discordo do que dizem sobre o protagonista e identifico-me irremediavelmente com ele. Lerei a mim mesmo nesta obra? Medo e desejo se fundem num turbilhão que distorce tudo o que vejo ao redor... Menos e principalmente, ele!

Wesley PC>

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