quinta-feira, 8 de julho de 2010

NO MEIO DO DESENHO, HAVIA UMA FRASE AO LADO DE UMA FIGURA FEMININA: “SINTO MUITO”

“Cismei outro dia e quis me suicidar
Fui me atirar do Viaduto do Chá
A turma que passava não queria deixar
A vida pro meu lado estava má

Consciência pesada me mandava pular
Consciência pesada me mandava pular

Resolvi então saltei
O carro que passava eu achatei
Minha cabeça se esfacelou
E o chofer lá de dentro gritou:
- O viaduto quebrou
Ou alguém louco ficou”


Esta é a letra de “Suicida”, faixa 1 do compacto “O’Seis” (1966), banda da qual os três abilolados mais geniais da música brasileira participaram antes de formar Os Mutantes. É ou não é algo suficientemente premonitório para quem sabe o que aconteceu com Arnaldo Baptista em 1982?

Digamos que eu finalmente consegui ver “Lóki – Arnaldo Baptista” (2008, de Paulo Henrique Fontenelle) na íntegra e, insisto acerca do que disse antes: não obstante ser convencional enquanto documentário, é um ótimo filme. Merece ser visto por qualquer um que se interesse pela indistinção determinante que existe entre vida pessoal e vida artística quando se biografa o gênio que intitula o filme. Se eu já era antes, agora me tornei devoto. Se já considerava “Lóki?” (1974) uma obra-prima – mesmo sem gostar muito de “Honky Tonky (Patrulha Espacial), a faixa instrumental número 05 – agora tenho este disco como uma verdadeira bíblia musical. Divino, literalmente!

De resto, os minutos que me faltavam ver do filme só confirmavam o que já sabia, conforme intitulei na postagem anterior: a devoção romântica da fã Lucinha Barbosa, com quem ele se casaria, é realçada; Zélia Duncan e o espetáculo londrino de 2006 é mostrado; e outros famosos fãs da banda (Sean Lennon, Kurt Cobain, John Ulhoa) dão valiosas contribuições ao rico material coletado pelo filme. Só faltou a Rita Lee, mas todos sabem o porquê de sua sentida ausência, afinal compensada pela metonímia de tinta que o compositor pinta ao longo dos 120 minutos de projeção do filme: ela esteve lá, do começo ao fim, ela esteve lá!

Wesley PC>

4 comentários:

Debs Cruz disse...


"Desculpe, se eu fiz você chorar!
Te esqueça! Olha! O sol chegou.
Me abrace!
Diga-me o meu nome...
Diga que você me quer!

Sinto o pulso de todos os tempos
Comigo
Até quando, eu não sei.

Sinto o barato de todos os tempos.
Comigo
Até quando, eu não sei.

Mas desculpe, mas eu vou me fechar.
Não sou perfeito, nem mesmo você é.
Me abrace!
Diga-me o meu nome...
Diga que você me quer!

Sinto o pulso de todos os tempos
Comigo
Até quando... eu não sei.

Sinto o barato de ser ser humano
Comigo
Até quando... Deus quiser"

É a mais bonita, e a mais doída pra mim.

Pseudokane3 disse...

Com exceção da tal da "Honky Tonky", a dor e a reabilitação pretendida impera solta neste álbum soberbo...

Mas, admito ao teu lado, tia: esta canção destrói loucamente! No melhor sentido do termo, inclusive!

WPC>

Pseudokane3 disse...

PS: se eu fosse escolher agora, com uma arma na cabeça, ia de "Uma Pessoa Só"... Hoje, mais do que nunca!

WPC>

Unknown disse...

O "Loki" mexe muito com a gente, e os outros dicos de Arnaldo Baptista também.
To ouvindo agora sem parar uma das minhas músicas prediletas "I fell in love one day" do disco "Faremos uma noitada excelente". No site do Arnaldo até comparam essa música com "How do you sleep?" de John Lennon. E eu até vejo semelhanças entre o "Loki?" e o "Plastic Ono Band" de John Lennon e o seu grito primal. Que tal ouvir um após o outro? Vou fazer isso hoje.