quarta-feira, 21 de julho de 2010

ADMOESTAÇÕES PRETENSAMENTE CORRETIVAS SOBRE A CRÍTICA DAS REPRESENTAÇÕES EM SENTIDO LATO? TU OUVISTE O MESMO QUE EU OUVI?!

Sim, Oskar Schindler JÁ morreu! Antes de o fazê-lo – como se isto fosse voluntário (risos) – salvou muitos judeus da morte certa nos campos de concentração nazistas ao empregá-los sem salários em suas fábricas. Por causa de sua tendência nata ao adultério, morre falido e divorciado, esquecido na penumbra do tempo, até que Steven Spielberg, defendido como “construtor cinematográfico de heróis”, interessa-se por um livro biográfico em que ele era protagonista e realiza o seu melhor filme, recebendo a partir daí o reconhecimento adulto por parte de seus detratores críticos de outrora. Simples assim? Não, não é!

Creio que terei muitas oportunidades futuras de comentar o assunto, trazendo à tona, inclusive, os posicionamentos contrários e ácidos de Jean-Luc Godard num de seus filmes contemporâneos à glorificação do industrial alemão, mas fui intimado a pensar nisso na noite de hoje por ocasião da apresentação de monografia de um jovem inteligente e incomodamente autoconfiante que trabalha comigo. O foco de seu trabalho era o extraordinário romance em HQ “Maus”, de Art Spiegelman, já comentado de forma apaixonada aqui mesmo no ‘blog’, insuficientemente abordado pela Academia até então. Sua apresentação consistia de um escasso tempo de 10 minutos em que ele esboçaria prioritariamente o esqueleto formal de seu trabalho, já escrito, apresentação esta acompanhada do mantra quem quiser saber mais sobre isso, leia a minha monografia!”. Eu serei um destes que lerão o tal trabalho. Os professores de História, curso ao qual o rapaz se filia, também. Oficialmente, isto não seria um problema, mas, após a apresentação, num intervalo adicional de tempo reservado à discussão sucinta do tema esboçado, um determinado professor interroga o monografando, de forma negativo-assistencialista, justamente sobre a questão mais repetidamente abordada em sua fala: a explícita negação representativa do heroísmo inabalável no trabalho de Art Spiegelman. Qualquer um que tenha lido a obra ou escutado a fala atropelada do rapaz em pauta, sabe que este é o ponto G do enredo. O professor presente à apresentação, para além de seu carisma e talento docente, não.

Em dado momento deste momento final dialogístico da apresentação monográfica, o futuro graduado em História ouve de um audiente: “o que tu querias provar com a escolha desta obra para tua monografia?”. Fiquei surpreso ao constatar que a resposta “ir além das fontes oficiais na representação da História” não era uma contestação suficientemente válida! Digo mais: não somente o interrogador docente pareceu ignorar o viés responsivo do rapaz como explicou justamente o que ele já havia explicado como se estive reinventando a roda, não percebendo o verdadeiro pleonasmo universitário em que incorria. Típico, aliás!

Não quero aqui tomar partido do rapaz. Todos sabem que seria eu tentado a isto por motivos vários e que vão além da esfera crítica desta postagem, mas o que me incomodou (no sentido positivo do termo), o que me perturbou na apresentação como um todo foi o vácuo entre emissor e receptores no processo comunicacional propriamente dito. É como se nestas apresentações para obtenção de títulos de graduação, não se prestasse a devida atenção no que está sendo abordado... Fiquei curioso para saber se isto se repetiria nas apresentações seguintes, mas tinha horário a cumprir no DAA, tinha meu tributo diuturno à burocracia. Como eu sempre digo: hoje em dia, só aprende realmente algo quem se diverte ao fazê-lo!

Se eu concordo que Oskar Schindler mereça ser chamado de herói? Isso fica para outra oportunidade...

Wesley PC>

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