segunda-feira, 21 de junho de 2010

SOBRE A INOCULAÇÃO DA TENDÊNCIA EM CONHECER MAIS OS ‘BROTHERS’ DO QUE OS ‘HERMANOS’...

Antes de dormir, vi o filme uruguaio “25 Watts” (2001, de Juan Pablo Rebella & Pablo Stoll), exibido na TV aberta. Tratava-se de um filme demasiadamente corriqueiro, em que atores com mais de 25 anos interpretam adolescentes típicos, enfrentando problemas corriqueiros como apaixonar-se pela professora de italiano, não saber que emprego escolher ou assistir a um filme pornográfico. O título faz menção às idéias que um deles, que nem sempre são aprovadas por seus amigos, todos acostumados a gastarem o dia inteira com o consumo de álcool e maconha e preocupados com o tédio que os atinge aos domingos. Muito parecido com a nossa realidade ou isto é só uma impressão capciosa de minha parte?

Pois bem, apesar da extrema familiaridade entre os comportamentos dos adolescentes sul-americanos, os tentáculos poderosos da Indústria Cultural fazem com que estes adolescentes costumeiramente se identifiquem com produções anglofílicas, encontrem amparo para suas reivindicações etárias que diferem sobremaneira do contexto legitimamente político (leia-se: tachado como sub-desenvolvido) dos países em que eles vivem. Por que cineastas como John Hughes, Kevin Smith ou Larry Clark são balsâmicos para muitos jovens cultos brasileiros? Porque, infelizmente, são exíguas as tentativas locais de abordar com sinceridade nossos problemas geracionais. Hector Babenco e Fábio Barreto, no passado, e, recentemente, Laís Bodanzky, Alejandro Agresti e Esmir Filho, no presente, são alguns dos cineastas que tentaram acrescentar suas visões a este vácuo temático injustificado. Devem haver bem mais, mas, infelizmente, estes exemplos ficam relegados às dificuldades distributivas dos filmes independentes latino-americanos. Pena!

O filme dirigido pelos uruguaios supra-mencionados equivoca-se violentamente: não conduz com segurança nenhum dos três focos tramáticos destacados, desperdiça muitos diálogos e personagens secundários (vide as possibilidades discursivas que se aventam depois que um entregador de pizzas traumatizado por seu passado militar espanca um atendente de videolocadora quando delira e imagina que este está xingando-o!) e não atinge êxito pleno na construção do interessante trio de personagens principais, mas é muito válido enquanto tentativa. A oportuna fotografia em preto-e-branco, a similaridade situacional contida no roteiro (olhem para a fotografia que acompanha esta postagem e digam: quem nunca viu ou participou de algo parecido?), alguns malabarismos circulares de câmera e a ótima trilha sonora ‘punk-rock’ revelam que Juan Pablo Rebella & Pablo Stoll tentaram. Pena que pouquíssima gente deve ter visto este filme, mesmo quando ele é exibido no horário nobre daTV aberta...

Wesley PC>

Nenhum comentário: