terça-feira, 15 de junho de 2010

O EROTISMO JUSTIFICA QUALQUER COISA?

Dia desses, eu pensava em escrever um textinho em que diria que “um ou dois filmes eslavos, dois discos de música cigana e 4 ou 5 fotos do Eliéser nu eram suficientes para garantir um bom fim de semana confinado em casa”. Antes de postar (por sorte, não o fiz) pensei no quão idiotizada era esta observação. O quão contraditória até, para pessoas que, como eu, vivem por aí a fazer patrulha ideológica em relação aos valores decadentes do mundo ao nosso redor. Mas agora esta observação faz sentido. Explico:

Estou doente. Não sei que doença me aflige especificamente, mas dor e febre se instalam sobre mim de tal forma que tenho poucas forças para me levantar da cama ou sofá e largar as colchas e casacos pesados que cobrem o meu corpo neste instante. Como é típico em moléstias, os agentes patogênicos fazem com que pareçamos sem apetite. Tinha que comer, porém, nem que fosse a pulso, para não adoecer mais! Sentei-me no sofá e liguei a TV de 21 polegadas recém-comprada num filme bobo e curto qualquer. Deparei-me com o documentário dublado “Jonas Brothers 3D – O Show” (2009, de Bruce Hendricks) na HBO2. Como o filme era curtinho, achei que superaria bem sua insuportabilidade enquanto comia. Ledo engano?

Durante os 76 minutos de projeção do filme, minha mãe gritava de irritação com os comportamentos abilolados das meninas que insistiam em correr atrás do trio de músicos. Espera aí: eu escrevi "músicos"? Alguém aí já ouviu as músicas do Jonas Brothers? O documentário permitiu que eu as ouvisse pela primeira vez e, putz, como são ruins! Muito abaixo da média ‘pop teen’, aliás! Pior: os três irmãos alegadamente celibatários gastavam o concerto pedindo para que a platéia batesse palmas e retribuía esta atitude com exibicionismo de golpes que pareciam de capoeira pelo palco. Uma babaquice, me dava nos nervos, mas algo me fazia continuar de olho na tela...

“Algo me fazia continuar de olho na tela”: o excesso de divulgação publicitária sobre a virgindade voluntária dos artistas me deixava encucado. Por mais que eles estivessem cercados de garotas, eles não se atreviam sequer a chamar uma delas de bonita. Seriam eles assexuados? Lembro que eu já vi trechos de episódios do seriado que eles protagonizam no Disney Channel e acredito que o vocalista Joe Jonas é claramente afetado. Será que eles não se masturbam também? Numa das cenas mais ridículas do filmes, eles começam a se despir em frente à câmera, até que interrompem o ato bloqueando a lente, deixando tempo suficiente ara que meninas obcecadas deixassem comentários idólatras nos fóruns sobre o filme, dizendo que “é uma loucura ter visto o Joe sem camisa. Uaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaau!”. O que eu posso dizer diante disso? Nada, pois sou culpado: vi o filme até o final, desobedecendo aos protestos de minha mãe.

Por que eu me dispus a ver este filme? Por que eu não gastei estes preciosos 76 minutos de existência doente com algo mais revigorante? Prefiro não dizer, apelando como resposta a esta imagem-oxímoro de um ensaio erótico/pornográfico do modelo André Sampaio, que posa nu em meio a diversos pirulitos. Não seria mais sensato se eu apagasse estas mais de 80 fotos de meu computador?

Wesley PC>

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