segunda-feira, 14 de junho de 2010

“KARMEN” (COM FINAL FELIZ) – GORAN BREGOVIC EM 2007

Por dentro de minhas raízes essencialmente brasileiras, deve haver um gene cigano. Somente assim para entender a minha fascinação crescente pelo servo/croata Goran Bregovic. “Elo Hi (Canto Nero)”, tema final de “A Rainha Margot” (1994, de Patrice Chéreau, um dos filmes favoritos de minha adolescência), foi a canção romântica escolhida para ler uma carta enviada por uma namoradinha de colégio, que exigia que eu o fizesse ao som da canção que, à época, eu achava mais bela. Anos depois, toda a trilha sonora deste filme marcante permaneceu um desejo intenso para mim, emulando todo o clima de sexo e violência barrocos que emanavam do excelente roteiro. Precisava ter aquele disco em casa. Precisava!

Graças a um amigo acostumado a cair de moto e beijar alunas de Enfermagem, consegui ter acesso à discografia deste gênio iugoslavo. Dito e feito: “Mesecina” e “Kalasnjikov” tornaram-se clássicos recorrentes em meus momentos boêmios entre amigos; “Ausência” e “Death” configuraram-se enquanto manifestações de minha melancolia titubeante; e “Ederlezi” sempre põe minha mãe e minha cadelinha para dançar. Na madrugada de hoje, mais um incremento à magia bregoviquiana: baixei “Karmen (With a Happy End” (2007), primeira ópera escrita pelo gênio otimista, que, por ter sido realizado priorizando o enfoque musical (e não como trilhas incidentais, como noutros casos), encanta pela originalidade, pelo vigor, pela euforia.

Por enquanto, só ouvi este disco magnífico uma vez, mas já foi o suficiente para eu declarar a sua excelência e para que eu gemesse de gozo enquanto repetia faixas inebriantes como “Gas Gas”, “Mashala Mashala” e, principalmente, “Dikh Mo Vast”. Meus genes ciganos exultam e agradecem!

Wesley PC>

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