quinta-feira, 24 de junho de 2010

INTERVALO: KATHRYN BIGELOW GANHANDO O OSCAR DE MELHOR DIRETORA E SOBRE O QUE ISTO FEZ PENSAR...

Em março deste ano, quando Barbra Streisand foi entregar o prêmio de Melhor Diretor na cerimônia do Oscar, gritou “é chegada a hora!” antes de pronunciar o nome de Kathryn Bigelow. Era a primeira vez que uma mulher recebia esta honraria, à qual a própria Barbra Streisand já protestara para concorrer, rancorosa. Kathryn Bigelow, por sua vez, seguiu uma trajetória diferente: mais conhecida por filmes de ação, tinha como principal rival na festa seu ex-marido, James Cameron, quiçá o favorito. Foi muito engraçado perceber a cara de bobo dele quando ela venceu (vide foto – risos)!

Quase todos nós conhecemos a diretora Kathryn Bigelow através do clássico adolescente “Caçadores de Emoção” (1991), em que Patrick Swayze e Keanu Reeves se revezavam enquanto assaltante e policial num filme que misturava surfe com assaltos e saltos de pára-quedas. Anos depois, tive acesso a “Estranhos Prazeres” (1995), um daqueles apocalípticos filmes de ficção científica em que um futuro nigérrimo se descortinava diante de quem não sabia lidar bem com a combinação música triste + drogas audiovisuais + depressão reativa. Há quem goste e quem desgoste deste filme... Eu gosto muito! E, se trago à tona parte da filmografia desta diretora, é porque vi “O Peso da Água” (2000) antes de dormir e, não sei se o entendi como se deveria, mas... Ele me afetou de alguma forma!

Não é necessariamente um filme bem-construído. “O Peso da Água” tem diversos problemas de roteiro, visto que pretende fazer colidir dois eixos tramáticos que não se casam bem: no passado, duas imigrantes norueguesas são assassinadas e um suspeito inocente pode ter sido enforcado como culpado pelo duplo crime; no presente, uma fotojornalista investiga novamente o caso, ao passo em que suspeita que seu marido poeta tenha um caso com a namorada de seu cunhado, irmão dele. No elenco, estrelas hollywoodianas como Sean Penn, Josh Lucas, Sarah Polley, Catherine McCormack e Elizabeth Hurley. No enredo, doses cavalares de incesto interdito, lesbianismo velado, masturbação contida e reminiscências de um tipo masoquista e soçobrado de amor. Tinha tudo para dar certo, mas não deu, exceto para mim, que aceitei a vinculação titular/acadêmica ao jornalismo este ano e, como tal, fiquei pensando no quão propensa a dilemas morais é a relação entre fervor profissional e supressão de desejos subjetivos. Digo mais: este parece ser um tema recorrente na obra da diretora. Acho que encontrei uma chave interpretativa, que me será muito útil, inclusive pessoalmente. Isto é bom!

PS: sobre “Guerra ao Terror” (2008), acho que eu não preciso falar, visto que já o elogiei bastante por aqui...

Wesley PC>

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