Caramba! Depois que um calhamaço austero de páginas sociológicas me expulsou de casa na noite de ontem (falo deste livro na postagem seguinte), visitei um vizinho, a fim de relaxar um pouco. Não obtive o tipo de relaxamento pretendido, em virtude de expansões temporais alheias às nossas vontades, mas descobri, afoito, que a telenovela épica “A História de Ana Raio e Zé Trovão”, dirigida, entre outros, pelo exibicionista e exuberante Jayme Monjardim, entre 1991 e 1992, na extinta TV Manchete, estava sendo reapresentada pelo SBT. Gritei, meu coração palpitou de empolgação. Caramba! Esta novela marcou a minha vida! Resumo minha empolgação
aqui, só por desencargo de consciência.
Empolgado que estava, não consegui falar sobre outro assunto quando cheguei ao trabalho, na manhã de hoje. A partir de então, comecei a relembrar outras telenovelas que marcaram o mais tenro estágio de minha vida. A mexicana “Ambição” (“Cunas de Lobo”, no original), exibida pelo SBT em 1992, veio à tona. Lembro que não entendia direito as reviravoltas rocambulescas da trama à época, repleta de pendengas burguesas sobre heranças e amores proibidos inter-classistas, mas eu era completamente fascinado pela vilã Catarina Creel (Maria Rubio), cujo tapa-olho ostensivo era um verdadeiro fetiche para todos nós que sentíamo-nos rejeitados por quaisquer eventualidades do destino. A cena que mostrava como ela ficou cega de um olho (numa simples brincadeira com o irmão, com quem tinha uma relação quase incestuosa) e a derradeira cena do último capítulo da telenovela (em que um garotinho é possuído por um espírito ambicioso ao usar o tapa-olho de Catarina) são surpreendentes e impressionantes e ficaram cravadas como fogo-corredor em minhas retinas mnemônicas infantis. Quantas e quantas vezes não dublei a canção de abertura da novela enquanto minha mãe queimava lixo no quintal...
“Tudo tem segredo, caminhos cheios de amor e ilusão,
vai sem medo, seguindo o que manda seu coração.
No brilho do sol, nas águas do mar,
tem um mistério que não dá pra explicar.
E a vida é assim, tem ódio e paixão,
muda o destino quando existe ambição.
Tudo tem segredo, caminhos cheios de amor e ilusão,
vai sem medo, seguindo o que manda seu coração.
No brilho do sol, nas águas do mar,
tem um mistério que não dá pra explicar.
E a vida é assim, tem ódio e paixão,
muda o destino quando existe ambiçãããããããããããõ”Putz! Depois de quase 20 anos, como é que eu lembro com tantos detalhes desta canção brega encantadora, interpretada por um talzinho inexpressivo de nome Arthur Rezende?!
Wesley PC>
2 comentários:
Caramba, eu assisti "Ana Raio e Zé Trovão" mas não lembro os detalhes da novela, eu era pequenininho. Lembro também da novela da mulher com um tapa olho. Época em que levantávamos do sofá pra controlar o volume ou mudar de canal, fazendo um barulhão tratratratra.
Sou fascinado por essa novela e, principalmente, pela Catarina Creel, grande vilã!
Estou assistindo à novela no Netflix e 20 anos depois tenho as mesmas sensações.
Uma dúvida: como você descobriu o nome do cantor da música da abertura brasileira da novela?
Abraço!
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