quarta-feira, 26 de maio de 2010

“VOCÊS PODEM ME ESPANCAR O QUANTO VOCÊS QUISEREM, MAS EU JURO: JAMAIS VOU MUDAR QUEM EU SOU. EU SOU DIFERENTE!”

Eu sempre penso que vai chegar o momento em que eu não me submeterei ao universo ‘pop’ do seriado televisivo “Glee”, mas o vigésimo episódio da mesma, nomeado “Theatricality”, atingiu o apogeu defensivo de seu discurso auto-estimado, aqui enxergado em seu viés mais positivo. Estou de boca aberta diante da funcionalidade discursiva e da qualidade técnica do episódio: simplesmente impressionante, levando-se em consideração, principalmente, minha aversão confessa à hipnose televisiva!

O episódio começa quando a personagem gótico-asiática do coral é impedida pelo diretor da escola em que estuda de vestir-se como se fosse uma vampira, proibição esta que leva seus colegas a compararem a sua necessidade expressiva através da indumentária com o visual espalhafatoso da estrela (acho estranho dizer: cantora) Lady Gaga, de quem não sou aficcionado, mas, depois deste episódio, darei a mim mesmo a chance de ouvir seu CD de estréia pela primeira vez, no caminho para o trabalho. O truque vendável realmente funcionou comigo!

Depois que os colegas da jovem gótica Tina (muitíssimo bem defendida por Jenna Ushkowitz) começam a se vestir tão escandalosamente quanto a tal da Lady Gaga, o homossexual Kurt (Chris Colfer) é agredido repetidamente por dois valentões do colégio e, quando pede ajuda a seu novo meio-irmão Finn (Cory Monteith), por quem é intensamente apaixonado, é brutamente repreendido por este, que o tacha agressivamente de “viado” e reclama não ter privacidade para trocar de roupa ou se masturbar. Lágrimas vieram aos meus olhos. Por mais que estas situações, dentro do espírito de auto-ajuda do criador (e, aqui, diretor e roteirista) Ryan Murphy, homossexual militante, abram espaço para as lições de moral e redenção tipicamente norte-americanas, não foi possível conter a emoção: aquele episódio foi ara mim! Só vendo-o e chafurdando o contexto biográfico para entender...

No mesmo episódio, outros dramas adolescentemente válidos são abordados: o destino que a ex-líder de torcida grávida Quinn (Dianna Algron, maravilhosa) dará ao seu bebê, agora querido pelo pai irresponsável Puck (Mark Salling, cada vez mais se revelando como um excelente cantor); e o reencontro da histriônica Rachel (Lea Michele) com sua mãe verdadeira (Idina Menzel), tão histriônica e apaixonada por Barbra Streisand quanto ela. Sem contar que, em resposta a Lady Gaga, os rapazes do coral fantasiam-se como os membros da banda de roqueiros maquiados Kiss. Ou seja, em todos os seus vértices, o episódio revelou-se perfeito, embutindo-se aí as necessárias concessões qualitativas para TV. Juro que fiquei empolgado e emocionado diante deste episódio! Podem me chamar de frívolo, mas “Glee” é algo de que me lembrarei com nostalgia caso eu consiga envelhecer um dia...

Wesley PC>

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