quinta-feira, 20 de maio de 2010

A PARTE DE CIMA DA MONTANHA-RUSSA DAS OBVIEDADES SENTIMENTAIS

“Every time that I look in the mirror
All these lines in my face gettin' clearer
The past is gone
It went by like dusk to dawn
Isn't that the way?
Everybody's got their dues in life to pay”


Esta é a estrofe inicial da canção “Dream On”, famosa na voz de Steven Tyler, vocalista do Aerosmith, e são estes versos que ilustram o décimo-nono episódio do seriado televisivo “Glee”, do qual eu não consigo me livrar, não obstante a percepção crescente de sua monetifagia oportunista. Conforme costuma acontecer nas madrugadas de quarta para quinta-feira, dormi após a audiência do referido episódio e, por mais que eu desgoste da exacerbação de seus caracteres de auto-ajuda, não consigo desgostar do seriado: ele me afeta, ele mexe comigo, ao fazer com que eu traga à tona projeções emotivas nem sempre condizentes com meu passado efetivo, mas constantes de uma idealização hoje obnubilada do mesmo. Eu já devo ter sonhado algum dia...

O episódio homônimo à canção do Aerosmith me fez assumir disso, seja através da torcida para que a líder de torcida grávida e moralmente reabilitada seja percebida como tal pelos demais, que ainda a desdenham, seja através do menino paraplégico que imagina a si mesmo como dançarino, participando de uma coreografia populosa (o que chamam de ‘flash mob’) num ‘shopping center’, filmado através de câmeras de telefones celulares, tal qual um famoso videoclipe realizado por Spike Jonze para o Fatboy Slim.

Insisto: o clima dramático-assistencialista da série soa-me cada vez mais problemático, a ponto de um amigo querido dizer que minhas reações à mesma assemelham-se a uma montanha-russa sentimental e premeditada, mas, com todas as fórmulas fáceis decorrentes do confronto de adultos imaturos com suas próprias desistências adolescentes – algo que será a tônica intra-diegética daqueles personagens – fórmulas estas que são metonimizadas no embate/dueto entre Matthew Morrison e Neil Patrick Harris na canção-título, utilizada como decisão para saber quem conseguiria o papel de protagonista numa montagem teatral, assumo-me como fã de “Glee”. Culpa de minha sociopatia agendada!

“Sing with me
Sing for the year
Sing for the laughter n' sing for the tear
Sing with me
If it's just for today
Maybe tomorrow the good lord will take you away”


Wersley PC>

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