segunda-feira, 31 de maio de 2010

E QUANDO EU PENSAVA SER VÍTIMA DE UM FALSO DILEMA...

Lendo (e me irritando com) “A Miséria da Filosofia” (1847), resposta econômico-literária de Karl Marx ao livro “Sistema das Contradições Econômicas ou Filosofia da Miséria” (1846), de Pierre-Joseph Proudhon, deparei-me com um trecho polêmico em que o autor classifica alguns gêneros alimentícios como de necessidade primária (a carne entre eles) e outros de necessidade secundária. No mesmo livro, há uma nota de rodapé corrigindo um julgamento precipitado do autor acerca da associação das batatas a escrofulose, que não era causada pela batata, como se pensava no século XIX, mas sim pela má alimentação, o que se explicava pelo fato de as batatas serem baratas (logo, acessíveis à grande massa de trabalhadores da época).

Oficialmente, este não foi a minha maior insatisfação em relação ao livro, mas sim o tom de bazófia, de ego ferido, visto que o mesmo é uma resposta quase rancorosa aos escritos do anarquista que, conforme sabido por meus amigos, não é necessariamente um escritor benquisto por mim. Porém, o tom persecutório (corretivo e justificado, que seja) do livro assombrou-me durante a leitura. Tomara que eu não fique intelectualmente rabugento desse jeito...

Mas o que me leva a redigir esta postagem é um dilema mercadológico imediatamente decorrente desta leitura: ontem, eu estava num supermercado e tinha R$ 10,00 no bolso, disponíveis para gastos com o que eu quisesse. Duas ofertas tentadoras se expuseram diante de mim: de um lado, o DVD com o filme “O Castelo de Cagliostro” (1979), estréia em longa-metragem do cultuado diretor japonês Hayao Miyazaki, de quem sou aficionado, o único a que eu ainda não assisti; do outro lado, um frasco de 500ml de azeite de oliva extra-virgem, fetiche alimentício absolutamente tentador. Só tinha dinheiro suficiente para um dos produtos. E agora, o que escolher?

Fiz uma enquete com amigos acerca de o que eles comprariam nesta situação e, dentre as 11 pessoas entrevistadas, 11 (onze!) disseram que comprariam o DVD. Eu, por minha vez, comprei o azeite de oliva e cria que o questionamento em si era ridículo. Não era, pelo visto. Tenho que rever meus conceitos?

Wesley PC>

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