sexta-feira, 19 de março de 2010

“PROPAGANDA É A ALMA DO NEGÓCIO”?

Numa manhã qualquer do ano 2008, eu e um estudante de Psicologia de nome Lázaro conversávamos sobre assuntos de trabalho. Ele me perguntava sobre um evento tumultuado que atendia pelo nome de Matrícula em Disciplinas Isoladas e eu explicava o quanto este evento era cansativo e extenuante para quem trabalha no DAA. Detalhe: o expediente externo do Departamento de Administração Acadêmica da UFS estava aberto e muitas pessoas ouviam uma conversa supostamente íntima. Nada demais até então. Na semana seguinte, nossos chefes receberam uma mensagem eletrônica em que uma aluna reclamava veementemente pela nossa falta de ética no trabalho, no sentido de que estaríamos difamando a nós mesmos ao declararmos publicamente nossa insatisfação em relação a algo que faz parte de nosso dia-a-dia empregatício. Recebi uma bronca colossal por causa disso. Desse dia em diante, percebi que pessoas silenciosas podem ser muito más. Agora, evito conversar em voz alta quando há alguém calado diante de mim...

Na noite desta quinta-feira, o novo estagiário do DAA interrogava-me violentamente sobre o porquê de uma dupla de alunos não ter conseguido uma dada disciplina na solicitação de matrícula, visto que eles correspondiam a exemplos modelares de estudantes. Sugeri que ele verificasse os históricos escolares dos referidos alunos antes de se comportar tão defensivamente em relação a eles e tão acusatoriamente em relação a mim, mas já era tarde demais: ouviram-nos. Fiquei com receio de sofrer uma nova denúncia eletrônica, mas em dado momento percebi que as pessoas que aguardavam atendimento sorriam quando eu pedia que o estagiário me obedecesse numa dada recomendação, utilizando para tal os recursos mais carinhosos e pretextais de que eu me servia enquanto andrófilo bem-intencionado. Ao final da noite, o estagiário me enviaria uma mensagem de celular tachando-me de “incorrigível”. Eu sorri com isso!

Meia dúzia de horas antes deste último acontecimento, houve uma queda de energia na Universidade. Aproveitei a deixa para buscar o presente que uma antiga professora havia separado para mim, em sua sala, supostamente uma coleção de filmes em VHS bem conservados. Ao chegar na sala e receber a encomenda a mim reservada, descobri que se tratavam de quatro fitas virgens, da marca Bulk (palavra inglesa que sempre me causou confusão em relação á tradução ideal), fitas virgens estas que eu particularmente necessitava e que já havia separado um horário noturno para comprá-las. Quando fui abraçar a minha professora em agradecimento, ainda no escuro, ela confessou-me que trouxe-me este presente pois me ouviu reclamar, em voz alta, numa conversa dirigida a terceiros, que não mais encontrava fitas VHS sendo vendidas em Aracaju, salvo numa dada loja do Shopping Jardins. Ela disse que encontrou as fitas sendo vendidas a preços módicos numa cidade do interior sergipano. Fiquei muito contente com o presente e percebi que, à vezes, falar alto diante de pessoas silenciosas também tem suas benesses. É tudo uma questão de ponto de vista e de estar rodeado pelas pessoas certas!

Wesley PC>

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