1 – o austríaco “A Fita Branca” (2009, de Michael Haneke), franco favorito – ou melhor, germano favorito – ao prêmio. Já fiz comentários elogiosos a esta semi-obra-prima austera em várias ocasiões, mas sempre estive muito aquém do que o filme realmente quer transmitir. É uma bela e cruel obra de arte em preto-e-branco sobre o estranho comportamento das crianças de um vilarejo austríaco na década de 1910, que, ao imitarem os adultos que lhe servem de modelo, praticam atrocidades como provocar o acidente quase letal do cavalo do médico da região, torturar um menino deficiente ao limite da cegueira e assassinar uma trabalhadora idosa. É tanta malvadeza crítica, que o melhor é nem comentar: quem tiver olhos e sensibilidade para ver, que veja!
3 – o peruano “A Teta Assustada” (2009, de Cláudia Llosa). Belo relato feminino sobre uma graciosa empregada doméstica que padece de um mal crônico em sua família, que aflige aquelas que foram violentadas sexualmente no passado. Em alguns momentos, ela é flagrada cortando, com dor audível, um tubérculo que cresce em sua vagina. Porém, a estória é sobre a necessidade de manter vivos costumes folclóricos que a rodeiam, conforme percebemos nas cerimônias matrimoniais populares que a protagonista ajuda a organizar ou no ignóbil ato vilanesco de sua patroa, que usurpa a composição nata da canção sobre sereias que ela assobia enquanto trabalha.
4 – o argentino “O Segredo dos Seus Olhos” (2009, de Juan José Campanella), hipervalorizado como enquanto filme perfeito por muitos de meus amigos, mas defeituoso em sua vertente enredística vingativa. Talvez o meu problema é que eu tenha depositado muitas expectativas sobre este filme, visto que aprecio o talento do diretor, que sempre associou muito bem os dilemas políticos de seu país com as crises emocionais de seus personagens, geralmente interpretados por Ricardo Darín, que nem aqui. É dramático, é pungente, mas admito que fiquei incomodado com a larga duração do filme e com suas reviravoltas não-lineares rocambolescas. Mas como disse um grande companheiro longevo: “apesar de também não ter gostado das soluções do roteiro, acabei meio tonto com os dilemas do protagonista: envelhecimento, solidão, passividade”... Isto compensa!
5 – e, por fim, o polêmico “Ajami” (2009, de Scandar Copti & Yaron Shani), mais difundido não necessariamente pelos cinco capítulos situados no bairro multiétnico do título, mas porque os diretores divergiram nacionalmente após o término do filme, visto que um deles, de origem palestina, não se sente representado sob a bandeira da produção israelense. Vi o filme hoje à tarde e senti que ele se beneficia das fórmulas alineares consagradas por cineastas independentes pretensiosos e logo abarcados pelo ‘mainstream’, mas eu insisto em defender o filme, tamanha a simpatia e credibilidade dos personagens, gradualmente envolvidos numa violência inelutável.
De resto, é só esperar o vencedor nesta categoria, visto que os cinco indicados são ótimos (ou quase isto)!
Wesley PC>
De resto, é só esperar o vencedor nesta categoria, visto que os cinco indicados são ótimos (ou quase isto)!
Wesley PC>
Um comentário:
esse filme argentino tem um 'q' de novela... ainda mais se o comparar-mos com os outros...
já pensou o malik ganhando o oscar?
américo
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