quarta-feira, 17 de março de 2010

O DISCO PREFERIDO DO PERU DE MINHA CASA!

Quem nunca sonhou ou zombou dos vocais agudamente exagerados de Tetê Espíndola na antológica canção “Escrito nas Estrelas”? Quem? Eu, particularmente, sou fã desta canção e, nas poucas vezes em que me aventurei pelos ‘karaokês’, esta é a canção em que mais me destaco.

Pois bem, depois de enfrentar mais uma saga de irritação com o meu provedor de Internet a fim de corrigir um defeito instalado propositalmente pelos técnicos da operadora de telefonia fixa, senti a necessidade de ouvir outras canções desta mato-grossense estridente, para além do célebre “caso do acaso bem marcado em cartas de tarô”. Consegui encontrar o disco de 1982 “Pássaros na Garganta” e dediquei este dia de terça-feira a executá-lo rapidamente. Surpreendi-me ao perceber que a cantora é preocupada com a legitimação cultural do Estado em que nasceu, conforme se percebe em canções mornas e gritadas como “Cunhataiporã”, “Cuiabá” e “Ibiporã”. Porém, em meio aos elogios idílicos destas canções e as inserções psicodélico-vanguardistas que coroam as treze faixas do álbum (e me fizeram emular até mesmo Karlheinz Stockhausen e Kurt Weill, além da óbvia referência a Kate Bush), destacam-se a oitava faixa, “Sertaneja”, muito, muito boa, e a abertura estridentemente sedutora com “Amor e Guavira”, cujos gritos deixaram o peru daqui de casa em polvorosa. Sempre que a cantora elevava a voz um pouco mais, ele respondia com o seu “glugluglu” típico, enquanto eu me encantava com a letra:

“No cerrado onde o mato é grosso e a coisa é fina
Entre um cacho e um trago, um moço abraça uma menina
O namoro é debaixo de uma árvore da flora
Onde ambos lambuzamos nossa cara de amora

Nesse ambiente exuberante e fruto do amor
A guavira água vira em nossa boca, ai que sabor
Língua à língua, se fala a linguagem se quem beija-flor
Flor da pele que me impele assim ao mais louco amor
Que se faz naturalmente, enfim
Seja onde for”

De coração, recomendo esta artista, lastimavelmente subestimada pelos ouvintes brasileiros. Minha mãe sequer reconheceu a cantora, não obstante notar a similaridade inconfundível com sua voz quando eu anunciei de quem se tratava. Por favor, baixem este arquivo. Vale muito a pena! A capa esotérica e campestre do disco não nega!

Wesley PC>

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