domingo, 28 de fevereiro de 2010

‘QUANDO UM GRANDE AMOR SE VAI”...

Não é segredo para ninguém que eu goste de luaus. Sinto muito prazer em gastar uma madrugada ao lado de amigos ou desconhecidos, frente ao mar, cantando e dançando e, mesmo sem nutrir muitas expectativas em relação a isto, interagindo sexualmente. Na madrugada de ontem para hoje, portanto, lá estava eu pulando e dançando na areia da praia, aguardando o sol nascer para pegar ônibus e literalmente encantado com a beleza de um garoto presente. Conheci pessoalmente algumas pessoas com quem já conversava ciberneticamente, pus os assuntos em dias com pessoas que eu não via faz tempo e percebi que, definitivamente, gueto ‘gay’ é algo que me irrita, que não faz parte de minhas reivindicações militantes. Fico tão enfadado sempre que me percebo entre pessoas extremamente afetadas (à vezes, forçosamente), que repetem os mesmos trejeitos, canções e frases midiáticas o tempo inteiro... Quando eu conheço intimamente as pessoas, isto me é deveras divertido, mas quando não disponho de tempo para dirimir as aparências e estereótipos, sinto-me como se pertencesse a outra geração, como se tivesse sido ultrapassado pelo tempo...

Dentro do pensamento religioso que insistentemente defendo, o acaso é apenas uma ferramenta crítica não percebida como tal aprioristicamente e, como tal, ter visto “Chéri” (2009), mais recente filme do Stephen Frears, antes de participar deste luau tão necessário em minha vida recente, foi um golpe providencial: impressionante como a sensação de que “a Belle Époque acabou!”, tão bem evidenciada pelo filme, combinasse comigo naquele momento. No filme, o amor não levado a cabo entre uma prostituta de mais idade e um mimado filho de cortesã punha em xeque o quanto as convenções sociais dilaceram a veracidade dos sentimentos que se destacam sobre a hipocrisia nostálgica de quem fez tantas concessões tipificadas que se esqueceu de alimentar os próprios anseios humanos. Na vida real, as pessoas perguntavam por situações corporalmente protestantes que não são mais postas em prática do jeito que estou estava habituado. “A Belle Époque acabou!”: pensava eu com os outros dois amigos que me acompanharam à sessão do filme, sem que, independente disso, todos nós nos divertíssemos com os momentos que se deslindavam frente a nós. Um deles, beijava os amigos na boca e perderia o celular quando mergulhasse de roupa e mochila na água do mar; outro deles, também beijaria os amigos e seria acordado por uma onda quando conseguisse finalmente adormecer na areia; e eu lamentaria por não ter conseguido ser fotografado abraçando o garoto que teve (ou melhor, que me deu) o privilégio de ter sua bela e cheirosa mão apertada por mim. Quem me conhece, sabe o quanto isto é relevante!

De resto, luau é sempre algo muito bom. Ter amigos ao nosso lado em madrugadas enluaradas é uma dádiva de Deus e perceber que “nosso tempo está passando” ao menos é um sinal de que ainda temos consciência. Que seja tão confortador enquanto dure, conforme me foi particularmente ontem à noite...

Wesley PC>

2 comentários:

Tiago disse...

Quando não há um grande amor...

O amigo que inexistia todo o tempo, controlado feito Tigre Drogado, ria e sentia entre uma cena e outra do Chéri, que inexistir é sina, embora em chamas, embora petrificado de frieza.

Me senti aquela que levanta os braços e vê que são jovens ainda, embora velho o corpo, o corpo? O que direi eu de minha pueril aparência? De um corpo que agora é jaula e de um amor, ... amor? que agora é prisão...

Me senti aquela que ama o rapaz das noitadas e boêmias gargalhadas ao lado de amigos. Me senti aquele que ama o vinho, e que só ao vinho se rende...

Levanto os braços e pergunto: Vês?
Braços jovens no corpo jovem, de uma mente perturbada. De braços ainda suspensos pergunto:

para que servem os braços?

Pseudokane3 disse...

Os braços servem para abraçar os amigos e apertar as mãos do menino bonito que fugia na praia...

E para bater palma quando lembrar do CHÉRI...

Tu deverias ter aparecido, Tiago. Foi divertido...

WPC>