sábado, 13 de fevereiro de 2010

OSCAR 2010 – INDICADO Nº 8 [“UP – ALTAS AVENTURAS” (2009, DE PETE DOCTER & BOB PETERSON)] E AS SURPRESAS SUPRA-COMERCIAIS DA ANIMAÇÃO CONTEMPORÂNEA

Ainda não havia encerrado a inteligente seqüência de créditos finais e meu amigo Rafael Coelho já estava reclamando que o filme foi produzido visando muito mais o comércio de bibelôs relacionados aos personagens secundários fofinhos do que necessariamente a emoção que eu senti diante de cenas pungentes como o aborto metonímico da esposa do idoso protagonista ou as declarações de amor interminável por parte de um cachorro falante e eufórico (já elogiadas neste ‘blog’) que muito lembrou o meu finado Ludwig van Almodóvar de Castro. Não obstante concordar que Coelhinho estava prenhe de razão (que filme hollywoodiano não é uma fábrica de bibelôs?), admirei bastante este longa-metragem de animação que não me parecia interessante a princípio, mas que me conquistou violentamente nas duas vezes em que tive a oportunidade de vê-lo. Digo mais: baixei este filme porque sabia que um inteligente e belo formado em Direito gostava do mesmo e assim eu cria que podia puxar assunto com ele, mas fui completamente tomado pela beleza do filme. Por mais inverossímil que ele se revele quando vemos casas sendo carregadas pelos ares graças ao uso de bexigas ou quando encontramos uma matilha de cães falantes num local recôndito da Venezuela, quando “Up – Altas Aventuras” concentra-se nos dramas e traumas de abandono de seus protagonistas, eu praticamente caio no choro, tamanha a sua sinceridade neste aspecto. A construção delicada do vilanesco personagem dublado pelo veterano Christopher Plummer, inclusive, é algo que me chamou particularmente a atenção, em virtude de servir como exemplo de algo que tomou de assalto uma discussão que eu e meu amigo leporídeo tivemos sobre a maldade derivada da síndrome de vitimização. Afinal de contas, o explorador Charles Muntz tornou-se malévolo única e exclusivamente porque se isolou demais na tentativa de provar ao mundo que não era um mentiroso, um farsante, quando patenteou paleontologicamente a existência de uma exótica e gigantesca ave sul-americana.

Bom, elogios rasgados de minha parte e restrições mercadológicas acertadas de Rafael Coelho, este filme é um belíssimo exemplar de animação infantil quiçá mais destinada a adultos apaixonados, a pessoas que já amaram alguém e perderam ou não perderam esta pessoa e até hoje sentem falta, saudade e reverência da mesma. Fico sinceramente emocionado em cada segundo que o velho Carl Fredicksen relembra sua amada Ellie ou sempre que o cachorro Dug está em cena. Sem contar que a trilha sonora de Michael Giacchino é um verdadeiro convite às lágrimas de afeto. Recomendo de coração aberto – Para ver e rever, conforme os estúdios Disney e Pixar são exitosos em nos convencer!

Wesley PC>

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