sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

OSCAR 2010 – INDICADO Nº 4 [“AMOR SEM ESCALAS” (2009, DE JASON REITMAN)] E OS OBSTÁCULOS PESSOAIS NO CASAMENTO COM A CARREIRA

Existem obras de arte que, para além de suas qualidades definidoras, funcionam muito melhor quando apreciadas num contexto que justifique a sua existência. “Amor Sem Escalas” (2009), novo filme superestimado do irritante diretor e roteirista ‘yuppie’ Jason Reitman é um desses casos – um dos mais precisos, aliás. Em linhas gerais, a trama do filme focaliza os dilemas existenciais de um profissional de demissões que passa boa parte de sua vida motivando as pessoas a não fixarem compromissos, até que motivos muito pessoais (a paixão por uma versão vaginal de si mesmo, o auxílio conselheiro prestado no casamento de sua irmã, etc.) fazem com que ele reveja seus propósitos de vida e, quando o faz, percebe que outras pessoas e eventos possuem as rédeas do seu destino. Típica saga ‘yuppie’ por excelência, previsivelmente atrelada a uma moral capitalista (in)conformista. O espectador que escolhe se retira os parênteses do adjetivo ou não.

Antes de debruçar-me um pouco mais sobre o que este filme me causou (ou melhor, irritou), convém adiantar o contexto em que eu o vi: numa folga improvisada, depois de três semanas ininterruptas de trabalho intensivo. Como todos sabem, ontem foi o último dia de matrícula institucional de quem passou no Vestibular 2010 para a Universidade Federal de Sergipe. Tivemos que dar muitas más notícias em virtude das várias polêmicas envolvendo as cotas para escolas públicas. Ontem à noite, enquanto eu e meu chefe tentávamos resolver um problema irritante com um aprovado desprovido de documento eleitoral, o setor em que trabalho foi invadido por uma equipe de TV com câmeras ligadas, acompanhada por dois advogados recém-formados (a quem tive a obrigação de entregar o diploma recentemente e conhecer todos os detalhes facilitados da formatura) e algumas reclamantes vinculadas ao curso de Medicina, que exigiam vaga por terem obtido pontuação superior aos cotistas. Independentemente de minhas opiniões pessoais sobre o assunto em pauta, fiquei irritadíssimo com a invasão midiática, com o desvio jornalístico da notícia, com a falsa impressão que se criou quando meus vizinhos reconheceram na TV, passando de relance no ambiente, com um telefone colado no ouvido. Vi tudo o que aconteceu por dentro, mas, como sou “café pequeno” (felizmente) nesta pendenga burocrática, o que me deixa muito tranqüilo por um lado e triste por outro, no sentido de que percebo como se formam as injustiças noticiosas. “Mas a menina estava chorando de verdade, Wesley!”, contestou uma vizinha. OK, OK, hora de ficar calado!

Voltando ao filme, surpreendente adorado por muitos escravos do trabalho, que não percebem a ideologia tosca do filme, em virtude de serem ludibriados pelas cenas românticas, familiares ou supostamente dramáticas do mesmo, destaco uma cena-chave, em que a personagem secundária de Anna Kendrick, uma carreirista que propõe um sistema de demissão virtual de funcionários depressivos, chora copiosamente num aeroporto depois que seu namorado encerra o relacionamento através de uma mensagem de celular. Ela reclama que toda a ascensão futura e certeira de sua carreira não terá sentido se não tive alguém ao seu lado para compartilhar, ao que eu concordei e fui obrigado a suportar as palavras ainda mais certeiras do protagonista George Clooney, que atira: “viver é melhor quando estamos acompanhados. Todo mundo precisa de um co-piloto”. Nem isso impediu que o filme contivesse a mesma modorra disfarçada de esperteza que satura obras perigosíssimas como “Obrigado por Fumar” (2005 – este sim, muito divertido em sua abertura) e “Juno” (2007 – que eu devo não entender, já que parece que somente eu não gosto), ambas do mesmo diretor. De resto, nem a trilha sonora pretensiosamente triste (e insossa) do filme, nem a ótima participação de Vera Farmiga, nem as obviedades roteirísticas conseguiram me convencer que... que... que ele estava com a razão (capitalista) o tempo todo. Admito!

Wesley PC>

3 comentários:

iaeeee disse...

Então, aqui vou eu: Gostei muito do filme! Até o coloquei como favorito no filmow, hehe.

Ele funciona como comédia, A Anna Kendrick está maravilhosa, assim como também a Vera Farmiga. O Clooney faz o papel dele, né? Mas sem nenhum canastrismo. Eu ri, me diverti, assisti só, e saí de lá com aquela sensação de ter assistido a um bom filme.

Como você viu ele retrata o momento atual dos EUA, ou seja todo mundo lá- quase todos- estão se ferrando bonito com a tal crise. O Estados Unidos se ferrando? Que legal, kkkkkk. Eu acho que é essa parte que peca no filme. Funciona como uma mensagem de norte-americanos para eles próprios, isso fica evidente numa conversa que o personagem do Clooney trava com uma aeromoça, ele faz um trocadilho com uma palavra que ela disse a ele, putz, só quem sabe inglês se ligou. Mas enfim, não estraga o filme, que é legal ,leve- apesar dos depoimentos dos demitidos.

E o desfecho da personagem da Vera Farmiga, não foi excelente? Eu torci pra aquilo acontecer, e aconteceu, perfeito, o cara pensa que nem eu- o diretor.


Pra finalizar, gostei do filme, da estória, os atores estão excelentes, é engraçado; além disso gostei de Juno- kkkkkkkkk.


É questão de gosto Wesley, vc não gosta do Reitman, ou gosta? Empatizei com os dois filmes dele que assisti.


o filme é bão, o filme é bão!


ps.: dos oscarizáveis só assisti esse; vc tem os outros? já posso pedir? kkkkkkkk, traga com a Odete!

ps2.: tbm te vi no jornal! tbm achei aqueles advogados arrogantes, deve ter sido um saco, né? Passei na ufs sexta de manhã e esse pessoal tava lá, entrei vi q vc não tava atendendo e nem perguntei, fui pra casa.

ps3.: vamos sair antes q as férias acabem, eheheh, ae eu pego os filmesss, joinha?


abração



Américo.

Pseudokane3 disse...

Puxa, por que tu não avisaste que ia passar lá na sexta-feira?! Grrrrr! Eu pedi a manhã de folga mesmo, a noite de quinta me deixou irritado. Estava em casa justamente vendo este filme (risos)

De fato, a piadela do "a can, sir?" é muito boa, aí sim eu ri bastante, mas, no restante, eu me incomodei com o comichão ultra-moralista do diretor, que, sim, repugno por ser 'yuppie'. As cenas envolvendo o casamento da irmã do protagonista são patéticas e eu desgosto do choro artificial da Anna Kendrick, mas fiquei apaixonado pela personagem da Vera Farmiga, inclusive naquela "revelação" (?) perto do final. Ela era que nem ele, só que com uma vagina (risos)

Não é um filme ruim, até gostei, mas... Tenho raiva! E o fato de ser um filme de apoio sentimental à tal crise de que tu falaste só piora as coisas!

WPC>

PS: estou com todos os filmes sim. Me liga!

Américo disse...

passei de supetão por lá, foi para me inscrever na bolsa trabalho! kkkkk

ligarei sim, acho q hj umas 11h, kkkkk

ps.: eu gostei do choro da Anna Kendrick, fiquei com vergonha alheia dela em certo momento, mas gostei, kkkkkkkk


até



Américo