quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

OSCAR 2010 – INDICADO Nº 3 [“EDUCAÇÃO” (2009, DE LONE SCHERFIG)] E A INSIPIDEZ DAS BOAS INTENÇÕES CRÍTICAS

Recentemente, vi “O Sorriso de Mona Lisa” (2003, de Mike Newell) e fiquei surpreso com uma reviravolta enredística que acontece perto do final do filme, quando já considerávamos a professora protagonista uma mártir em sua tarefa de fazer as estudantes do colégio conservador em que ensinava desistirem do casamento para que foram treinadas desde a infância e, o invés disso, ela é confrontada por uma aluna que alega preferir casar a prosseguir com seus estudos em Direito. Confesso que foi um baque, mas fiquei concomitantemente ao lado de ambas as participantes do conflito de valores, providas de razão subjetiva na defesa de suas projeções vitalícias. Eis a prova.

Na noite de ontem, vi um filme que segue um caminho inverso. Dirigido por uma dinamarquesa que pediu ao escritor alternativo (e machista) Nick Hornby que roteirizasse as memórias de adolescência de Lynn Barber, “Educação” (2009) é um filme assombrosamente insípido, sobre uma inteligente garota inglesa de 16 anos que fica em dúvida se prossegue os seus estudos literários ou se entrega a um casamento aventuroso com um homem mais velho e de caráter duvidoso, apesar de sua extrema simpatia. No papel, talvez a historieta do filme funcione. Na película, as situações apresentadas são plenas de modorra, de tédio, de chatice mesmo! Não que o filme seja ruim, mas é inodoro e insípido que nem água contaminada por germes unicelulares.

A atuação da protagonista Carey Mulligan é preciosa e ela está particularmente encantadora, mas o restante do elenco (com gente do calibre de Peter Sarsgaard, Alfred Molina, Emma Thompson e Olivia Williams) se entrega à vacuidade do roteiro, ao dilema banal que se estende pelos 95 minutos de duração do filme. Não que seja ruim, insisto, mas é insosso, forçado e quase desnecessário em virtude de como ele está conseguindo abocanhar elogios por parte da crítica especializada.

Se serve de consolo, há pelo menos duas cenas que ficarão marcadas em minha memória, quando, ao deitar na mesma cama que seu pretendente amoroso mais experiente, a intelectual Jenny pede que ele conserve sua virgindade até o ano seguinte e, quando esta data chega, ela frustra-se ao perceber que “aquilo que tantos poetas e músicos dedicam a maior parte de suas composições dura pouco tempo”. Pelo menos isso compensou a sessão. O sexo (ou o amor físico propriamente dito, que seja) pode durar pouco tempo, admito, mas sou daqueles que se escraviza mnemonicamente em virtude das eternas sensações de prazer e satisfação vinculadas a estes breves momentos. Só isso me fez ficar ao lado da protagonista, não importa que decisão ela tomasse. Viva o sexo, abaixo a insipidez!

Wesley PC>

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