quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

OSCAR 2010 – INDICADO Nº 10, FINALMENTE [“GUERRA AO TERROR” (2008, DE KATHRYN BIGELOW)] E A PRESSÃO INTERIOR, POR FALTA DE NOME MELHOR

Quando eu era adolescente, todos os meus colegas de classe eram fanáticos por “Caçadores de Emoção” (1991). Demorei a ver este filme, mas, quando o fiz, creio que ter visto a nudez semi-frontal de Keanu Reeves e entender para que serve a masturbação aos sábados à tarde terminou sendo o motriz para que eu respeitasse a qualidade mediana do filme. Senti que eu era diferente dos meus colegas nesta época. Algo estava sem funcionar comigo em relação ao convincente tom aventureiro do filme.

Dezessete anos depois, a mesma diretora, Kathryn Bigelow, ex-esposa de James Cameron, realizou o filme que talvez seja o franco favorito ao Oscar deste ano, levando-se em consideração que eu ignoro qualquer possibilidade de o abominável “Avatar” (2009) ser laureado. Porém, isto é irrelevante agora: independentemente de qualquer indicação industrial, o filme não somente é genial e asfixiante, como caiu como uma luva na minha vida atual, no sentido de que, conforme pode ser percebido por minhas reclamações renitentes, estou refém do trabalho.

O filme aborda as situações caóticas de trabalho de um grupo responsável pelo desarmamento de bombas no Iraque. Para tanto, eles obliteram vida pessoal, interesses, amores, anseios, para ficarem reféns de um trabalho obsedante e cansativo, e num contexto enredístico surpreendentemente desprovido de reflexões clicherosas ufanistas ou de qualquer outro tipo. O filme é interno, subjetivo, pessoal, humano, urgente, desesperado. É um filme sobre dor, conforme atesta a expressão do título original, que não conseguiu ser adequadamente traduzida nem por mim nem pelo amigo estudante de Letras anglofílicas que estava ao meu lado na sessão. Mal começávamos a nos enternecer com uma cena ou simpatizar com um devido personagem e uma nova explosão enchia a tela. Mal nos recuperávamos de um estouro e uma nova ameaça terrorista estava em preparação. A montagem elíptica e alvoroçada, a trilha sonora esplendorosa e tensa dos mestres Marco Beltrami e Buck Sanders, a direção perfeita e segura (no tom mais masculino do termo, inclusive) e o roteiro oportuno de Mark Boal validam este filme como uma das produções mais corajosas e qualitativas lançadas recentemente por Hollywood. Digo mais: voltarei a escrever sobre ele, à medida que o trabalho a que voluntariamente me entrego voltar a me oprimir. De antemão, insisto: “Guerra ao Terror” é um filme que merece ser divulgado, não obstante os enganos de seu título nacional. Filmaço!

Wesley PC>

3 comentários:

iaeeee disse...

essa mulher tem culhões! hehehe


ps.: bela participação da Evangeline Lilly, né? ehehe



Américo

iaeeee disse...

*colhões

Pseudokane3 disse...

(risos)

Haja colhões!

E quanto mais o tempo passa, mais eu gosto do filme, Américo. É uma aula de auto-questionamento: "por que fazemos isto, oh, meu Deus?!"

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