segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A SÍNDROME DA IMPERFEIÇÃO CONCESSIVA (OU A MANIA DE TRANSFORMAR QUALQUER COISA EM ASSUNTO):

Quando comecei a digitar este texto, ainda era domingo. Uma leve crise de consciência (ou culpa involuntária) tomava a minha mente em virtude de um pequeno acidente envolvendo um prato quebrado e um movimento leve de perna na casa de uma família querida me deixava apreensivo: sofrerei alguma reprimenda amanhã, quando os desejos reiterados por sexo oral esbarrarão na substituição da promessa de uma buzina por suspeitas monetárias proteladas em virtude da necessidade pessoal de visitar meu amigo Wendell Pereira Barreto, de volta a Sergipe? Não consigo responder ainda. Do outro lado da mente, a voz de minha colega de trabalho Júlia Reis fica repetindo: “por que tu tens esta mania de só tirar fotos com a rola murcha, Wesley?!”. Sou assim, acho. Talvez porque não seja o melhor consumidor de fotografias eréteis, talvez porque eu seja um tanto disfuncional, talvez porque esta mania permitida de falar de sexo não seja o meu forte... Talvez!

Enquanto escrevo estas palavras – menos preocupado em encontrar um sentido teleológico para o amontoado de frases do que expurgar o supracitado sentimento de culpa – a entrega dos prêmios do Globo de Ouro 2010 está sendo exibida na TV. “Os filmes são as lembranças de nossas vidas. Por isso, precisamos preservá-los”, eis o aforismo scorseseano que foi escrito na tela há pouco. Martin Scorsese ganhou um premio especial pelo conjunto de sua obra, um prêmio merecidíssimo, diga-se de passagem. Pena que os demais prêmios não sejam tão interessantes. A leva 2009 de filmes norte-americanos foi tão insípida. Jason Reitman, Nancy Meyers, James Cameron, Rob Marshall: não confio mais nestes artesãos elogiados pela indústria como renovadores da Sétima Arte!

Noutro quarto, o telefone celular de meu irmão toca incessantemente. Sua ex-namorada e a atual companheira de quarto digladiam-se por sua atenção. Minha mãe dorme preocupada com a guerra protoconjugal que está por vir, enquanto eu sinto fome e preocupação pelo prato quebrado. Havia sopa no prato. Houve sujeira no chão. Um pedaço de vidro penetrou no dedão de meu pé esquerdo. Não saiu sangue!

Recentemente, aprendi a utilizar com afinco o contador automático de minha câmera fotográfica. Na verdade, gostaria que meu rosto aparecesse na fotografia. Sinto necessidade de enxergar meu corpo por inteiro. Estou envelhecendo. Tenho já 29 anos de idade, mas sinto-me confortável com minhas flacidezes. Há quem seja melhor e quem seja pior. Há quem esteja pouco se lixando para esse tipo de categorização. Na última madrugada, estive num luau, buscando a atenção de um inocente estudante de Matemática, que só queria cantar as canções de Legião Urbana que estavam sendo executadas ao violão. Consegui, mas não da forma que queria. Nem sempre temos o que queremos, concordaria comigo o diretor Skinner, do seriado animado “Os Simpsons”. Agora, quando estou prestes a publicar este texto, já é segunda-feira. Espero ter chegado a algum lugar! Se eu não tiver chegado, que eu consiga encontrar em alguma locadora o novo (e elogiado) filme da Kathryn Bigelow. Nesse eu deposito alguma fé...

Wesley PC>

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