quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

DÊ-ME TEU PERDÃO ANTES DE MORRER – PARTE II

Na manhã de hoje, vi um filme de terror chamado “A Órfã” (2009, de Jaume Collet-Serra. A audiência de tal filme fazia parte de um projeto pessoal em dedicar este último dia do ano a uma retrospectiva cinematográfica com os filmes mais falados de 2009. “A Órfã” foi um deles, mas me incomodou deveras por ser um desagradabilíssimo convite à busca de bodes expiatórios por nossos próprios crimes. Tudo bem que era sabido que a protagonista-título era uma má pessoa, mas isso justifica que ela fosse tão maltratada na escola? Que ela sofresse preconceitos práticos apenas por ser diferente ou estranha? Era ela quem guardava um revólver na aparente placidez de seu lar? Não, não era, mas é ela que mata, é ela que seduz, é ela que suplica para continuar viva... É ela!

Não vou defender o filme nem a personagem, mas é obvio que me sinto injustiçado como ela. Para além de ter ou não motivos, a injustiça existe. Talvez, outra grande injustiça foi eu dedicar mais tempo de cólera a este filme do que à aguardada audiência de “A Fita Branca” (2009, de Michael Haneke), um dos filmes mais elogiados e premiados do ano que está se passando, e que eu vi neste início de madrugada. Um filme cruel e severo que traça um percurso diametralmente oposto ao de “A Órfã”, um filme que deposita a culpa dos males sociais do mundo justamente na transmissão da retidão, uma retidão em preto-e-branco que não hesita em amarrar os braços de um adolescente com um símbolo têxtil de pureza para que este não conheça o seu corpo, uma retidão que explica por que crianças aparentemente dóceis penetram o corpo de um passarinho canoro com uma tesoura ou torturem até a cegueira um pequeno deficiente mental, filho bastardo de uma parteira. Viver é fazer escolhas, ambos os filmes me ensinaram, portanto!

Wesley PC>

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