segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A SÍNDROME DA AUSÊNCIA (PROPOSITAL) DO PAI?

Por mais que eu tenha tentado, até então, minha mãe se recusa a ver “Tudo Sobre Minha Mãe” (1999), novo clássico de Pedro Almodóvar. Por mais que tivéssemos um cachorro amado que homenageava o nome do diretor, por mais que eu lhe diga que a história é terna, por mais que o filme tenha feito sucesso e, num ano qualquer, tenha integrado o pacote de filmes da TV Globo (este tipo de publicidade conta na periferia!), por mais que eu prometa que não vou fazer nenhuma cobrança a ela no que diz respeito a saber pelo menos o nome do bendito do homem que ejaculou na vagina dela e me fecundou, ela não quer ver o filme, se recusa, acho que tem medo. Pena!

Lembro que, da primeira vez que vi o filme, masturbei-me na sala da casa de um vizinho (em plena manhã de quarta-feira!) porque este ficava desfilando pela casa de cueca. Na época, quando o filme foi lançado em VHS, apreciei a mesma citação que hoje me amortece: o momento em que, ao ser presenteado com um livro do Truman Capote, o belíssimo personagem do Eloy Azarín lê: “cada pessoa que recebe um dom, recebe também um chicote, e este é destinado somente à autoflagelação”. Por algum tempo, eu cri que tivesse alguns dons. Ainda hoje uso o tal chicote para a flagelação, que, infelizmente, não fica somente a cargo de mim!

Quando eu voltar para casa, na terça-feira pela manhã, insistirei novamente para que minha mãe me acompanhe numa sessão desta obra-prima. Ela precisa, eu preciso! Renovarei as mesmas promessas de outrora. Tomara que ela acredite neste filho que a ama, mesmo desrespeitando noções tradicionalmente hierárquicas de respeito familiar, mesmo preferindo chamá-la pelo nome do que pelo título, mesmo que a sexualidade abrangente do filme nos leve a uma daquelas patenteadas conversas de mãe e filho sobre o que eu faço publicamente com meu corpo, mesmo que chova ou faça sol, mesmo que eu já tenha mais de 17 anos, mesmo que o teatro não seja valorizado na minha vizinhança, mesmo que não hajam vizinhos passeando de cueca, mesmo que eu jamais saiba sequer o nome de meu pai!

Wesley PC>

3 comentários:

Debs Cruz disse...

Eu gosto desse filme.
Eu tinha ele, mas deixei em Gomorra
alguém pegou lá,
e nunca mais vi ¬¬
=/
Quem ainda não viu,
e tem vontade de ver,
é Leno.

Gomorra disse...

Da última vez que soube, tinha uma porrada de DVDs almodovarianos com Ferreirinha (risos) - Mó cuidado ele tinha. Pergunta lá - e reempresta!

WPC>

Debs Cruz disse...

Hunm...
esses que tavam com ele eram meus ^^
Só que o Tudo sobre minha mãe sumiu.


Ahhhh... tô indo beber \o/