quarta-feira, 7 de outubro de 2009

PRECISO DE UMA ARMA PARA SAIR DO CAIXÃO!

Uma de minhas grandes pendengas contra os socialistas defensores da luta armada é que, em minha opinião, reivindicar direitos – ainda que defensivos – através do uso de ferramentas criadas para matar o homem (e impedir a sua potencial reabilitação ideológica) corresponde a um atestado de igualdade em relação ao suposto inimigo, igualdade esta que me faz perguntar: não seria melhor lutar juntos por uma mesma causa?

Este intróito seve apenas para eu explicar o porquê de, não obstante eu detestar armas, estar supostamente precisando da imagem de uma delas no presente instante: espetacularização. Pura espetacularização! Preciso sair daquele caixão...

Na manhã de hoje, deliciei-me com dois álbuns da extraordinária banda melancólica Nick Cave and the Bad Seeds: “Henry’s Dream” (1992) e “The Lyre of Orpheus” (2004). Pude perceber, ao longo dos 12 anos que separam ambos os álbuns, que a banda passou por diversas mudanças sutis em seu estilo, mas os traços registrados da narração percuciente da maravilhosa dor de viver estão lá. Se no primeiro álbum, os personagens/narradores das canções reclamam que seus copos estão vazios e descrevem as amarguras de ser um estranho numa cidade nova e excludente, no segundo (maravilhoso! Maravilhoso!), os artistas falam sobre vozes que emanam das catacumbas, confessam que estão sem fôlego, apelam para a brandura no entendimento as criancinhas, e descrevem carícias capilares que, “supernaturalmente”, se assemelham à penetração de inúmeras facas no corpo de quem ama.

Eis também para que serve a música: para demonstrar que qualquer coisa pode ser uma arma, que qualquer coisa pode fazer o bem, que qualquer coisa pode matar!

Wesley PC>

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