quinta-feira, 8 de outubro de 2009

DEVE SER PORQUE EU NÃO SOU ‘GAY’...

Um dos 7 filmes a que os passageiros do ônibus que voltava para Sergipe depois do Encontro Universitário Nacional de Diversidade Sexual assistiram chamava-se “Comendo Pelas Bordas” (2004, de Allan Q. Brocka). Trata-se de uma amorfa produção semi-televisiva, com impressão de campanha publicitária, em que um rapazola homossexual apaixona-se compulsivamente por um heterossexual que, pro sua vez, está obcecado por uma rapariga desiludida com os homens que a usam para revelarem-se ao mundo como homossexuais. Nesse entretempo, o rapazola inicial não percebe que o melhor amigo ‘gay’ da rapariga está interessado nele.

Pela sinopse do filme, não é preciso dizer que ele assimila o que de pior uma telenovela pode apresentar e que as conduções directiva, actancial e musical são muito ruins, e que desagradou deveras os passageiros dos ônibus. Porém, uma cena específica e solitária me despertou a atenção no filme: quando o rapazola homossexual consegue fazer sexo oral no seu objeto de desejo heterossexual quando este último compartilhava um telefonema com a rapariga heterossexual (a amiga de muitos ‘gays’) por quem alega estar apaixonado. Já fiz algo semelhante (com intenções melhores, confesso) e me senti alobiograficamente contemplado por alguns minutos. Mas, no geral, o filme é horrendo. Tudo o que não deve ser realizado em matéria de possível militância ‘gay’!

Achava, até então, que este filme era o pior que poderia ser realizado em relação ao tema. De repente, um amigo europeu me recomenda o filme “Were the World Mine” (2008, de Tom Gustafson), musical ‘gay’ adolescente sobre um garoto que é chamado de “fada” até pela mãe. Sofrendo agressões contínuas na escola em que estuda, ele tem a chance de brilhar quando é convocado para uma versão da peça “Sonho de uma Noite de Verão”, de William Shakespeare. Num passe de mágica, ele consegue uma flor aquosa que tem o poder de transformar outras pessoas em ‘gay’. Em dado momento, 90% dos habitantes da cidade em que ele vive está sob hipnose sexual. Isto resolve o seu problema? Isto resolve o meu problema? Isto resolve os problemas dos ‘gays’ do mundo? Fiquei irritadíssimo com o tom apolítico do filme, que ainda chega ao cúmulo de isentar o rapaz de qualquer culpa pela manipulação das mentes alheias. Por mais que eu esteja gradativamente invejoso e ciumento (e confesso: a ciência de que outras pessoas não compartilham dos mesmos desejos sexualistas que eu é uma das causas disto!), fui terminantemente contra a abordagem do filme. Péssimo filme, horrível filme, abominável filme! E o pior é que os ‘gays’ do mundo inteiro estão abarrotando filas de cinema para vê-lo...

Wesley PC>

Nenhum comentário: