terça-feira, 13 de outubro de 2009

DA ARTE DE SER IDIOTA E FELIZ – PARTE II

Na linha dos filmes ruins que marcaram a minha infância, “A Mosca 2” (1989), dirigido pelo maquiador do primeiro filme, Chris Walas, tem um lugar de destaque por motivos psicológicos bem definidos. O assisti ao lado de minha madrinha católica, que hoje é espírita e discordamos radicalmente sobre um episódio ultra-romântico na conclusão do filme: depois de um jorro imenso de gosma, sangue e outras secreções humanas (obviamente desprovidas do senso estético e político atrelado ao autor original, David Cronenberg), o protagonista juvenil do filme, vivido por um Eric Stoltz que me obsedava, sai de um monte de meleca e beija a garota por quem sempre fora apaixonado. Os presentes à sessão fizeram expressões de asco: “erca! Como é que ela tem coragem de beijá-lo nessa nojeira?!”. Eu, no fulgor atônito de meus 10 anos de idade, não vi nada de mais no beijo: “faria o mesmo”, pensei. “Ah, se o Eric Stoltz me desse uma chance”... Hoje, o contexto é outro. Envelhecemos Eric Stoltz, minha madrinha católica que hoje é espírita e eu.

Wesley PC>

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