domingo, 27 de setembro de 2009

A REMINISCÊNCIA DE UM PESADELO DIÁRIO

Em virtude de ter uma ansiada entrevista de emprego agendada para amanhã, meu irmão caçula não bebeu hoje. Quer se manter sóbrio para impressionar os gerentes. A fim de evitar a tentação etílica, ele não saiu de casa. Ficou vendo TV. Respeitei-o e não impus sobre ele qualquer desejo ou autoridade espúria. Fui dormir, enquanto ele se divertia. Sonhei.

Sonhei que uma colega evangélica de trabalho me repreendia por estar comunicando alguns de meus desejos eróticos. Ela, por sua vez, não percebia que se portava igualmente erótica, elogiando as proezas sexuais de seu marido. Quando ela volta a me criticar, fico tão emputecido que despejo a minha raiva moralista, critico sua hipocrisia, digo que ela não tem justificativa nenhuma para julgar quaisquer de meus comportamentos, sendo ela tão (ou mais) sexualizada quanto. Enquanto gritava, ela chorava e meus dentes caíam. Corri atrás dela, a abracei e fizemos as pazes, mas meus dentes continuavam no chão. Não tinha intenção de ser grosso com ela, mas me irritei com sua pretensão religiosa, que, às vezes, se manifesta na vida real, quando ela vem me dizer que “tudo no mundo tem sua função, diz a Bíblia. A de alguns bichos é serem comidos”. Grrrrrrrrrrrrrrr! Acordei apavorado. O pesadelo fora horrível! Por sorte, mal abro os olhos, trêmulo de horror, Rafael Torres telefona para mim. Conto o drama onírico e alivio um tanto do pavor. Na vida real, o pai desta minha colega de trabalho está em fase terminal de um câncer de próstata. Ela não pára de chorar no trabalho. E o Corinthians jogava...

Tentei ver um filme vietnamita de artes marciais enquanto tomava uma deliciosa sopa, mas não consegui: as imagens e sentimentos preocupantes não me saíam da cabeça. Desliguei a TV e deixei a TV para meu irmão, que também acordava, mais tranqüilo. Tenho sessão de sexo oral e de ensino de Física reservada para mais tarde. Talvez não aconteça. Tenho que acordar cedo amanhã, mas, antes de dormir, insistirei em ver nem que seja a cena inicial do filme mostrado em fotografia, obviamente amargurado, obviamente catártico em sua agonia pós-guerra: “Endereço Desconhecido” (2001), do sul-coreano estilizado Kim Ki-Duk. Depois eu conto se alguma coisa deu certo.

Wesley PC>

Nenhum comentário: