domingo, 2 de agosto de 2009

TAUTOLOGIA: “NOME PRÓPRIO” (2007), DE MURILO SALLES


Motivos vários me impediram de comparecer à prestigiada sessão de um documentário sobre Arnaldo Baptista. Porém, noutro lugar do mesmo Estado, estive eu a conferir um filme que, com um pouco mais de contenção, poderia se tornar a biografia definitiva de toda uma geração na qual me enquadro: os obsessivos pelo despejo de palavras iracundas, apaixonadas ou simplesmente vocabulares em ‘blogs’. Protagonista: Leandra Leal, no auge de seu talento.

“Nome Próprio” começa com uma briga de casal adolescente. Ela está nua, ele com raiva. “Saia da minha casa. Volta para os braços daquele cara que estava te comendo”. Não se explica muito mais sobre o fato. Ela põe seus trecos debaixo do braço e encontra abrigo na casa de um amigo. Paga adiantadamente a conta do telefone. Usará muito a Internet discada. Liga o computador e tome-lhe postagens agressivas, quiçá defensivas, em ‘blog’. Proibido comentários. “Goste quem quiser”.

Basicamente, este é o ponto de partida do filme. Se seguisse nesta linha, “Nome Próprio” tenderia a ser o filem definitivo sobre jovens no Brasil. A atriz principal está soberba, as situações que ela enfrenta são inicialmente críveis (eu e meus amigos presentes à sessão brincávamos de ficar nos identificando com a trama) e uma das cenas mais geniais (porque metonímica) da contemporaneidade está lá: quando a protagonista vai morar de favor na casa de um ‘nerd’ rico e este tenta embebedá-la a fim de fazer sexo. Ela percebe o truque e fica tentada quando ele diz que paga para fazer sexo com ela. Adormecida (ou bêbada, sei lá), ela fica nua. Ele fotografa sua vagina e, num lance surpreendente e realista, passa as fotografias para o computador e masturba-se diante da tela, de costas para a jovem nua, deitada no chão. Eis a geração na qual eu me enquadro! Queria muito encontra esta foto na Internet (até porque o ‘nerd’ vivido pelo David Katz é uma graça), mas... nem sempre temos aquilo que queremos, né?

Que seja! Para além de todos os seus problemas (a longa duração como sendo o principal deles), “Nome Próprio” é um bom filme e extremamente justificativo sobre algumas reações que eu particularmente venho demonstrando desde o ano passado, desde que descobri o amor e o ódio alheios em Gomorra. Recomendo quase mecanicamente. Vejam-no!

Wesley PC>

2 comentários:

Unknown disse...

Não gostei desse filme não, talvez por não ter gostado da personagem principal.

Pseudokane3 disse...

Nem tive tempo de gostar ou desgostar dela, tio! Li o rótulo do filme e a identificação já foi imediata. Sou um pouco daquele jeito, fazer o quê? Por isso, eu me estrepo.

A meia-hora final é chata (demooooooooooooora), mas o final é lindo!

E, na moral, os poeminhas dela são horríveis! Por isso, prefiro bloggismo em prosa! (WPC>)