terça-feira, 25 de agosto de 2009

“QUERO SER CHAMADO DE LIBANÊS, QUE NEM ESTA MACONHA, PARA QUE EU FIQUE TÃO DROGADO E ESQUEÇA A DROGA DE VIDA QUE LEVO”!


Assim fala um garoto de mais ou menos 12 anos na primeira cena do maravilhoso filme “Romanzo Criminale” (2005, de Michele Placido), a que acabo de ver e ficar impressionado. Tanto no que se refere ao escopo histórico do filme, que traça um paralelo entre as novas configurações anômicas da máfia italiana e fatos como o assassinato do presidente Aldo Moro, o tricampeonato de futebol da Itália (vencido em 1982) e a queda do Muro de Berlim, para ficar em apenas em alguns, tanto no que se refere ao dinamismo genérico da estrutura policial do filme, que abre espaço para a nostalgia, para o romance contido no título e para a emoção desmedida. Ao final do filme, estava emocionado.

Sem querer aqui detalhar a trama, dado que planejo fazê-lo noutra oportunidade, quando rever esta grande obra recente, descrevo apaixonadamente a cena que mais me marcou no filme: quando um dos personagens, o mais belo (vivido por Kim Rossi Stuart), a fim de conquistar a professora particular de seu irmão mais novo (futuramente morto numa overdose de heroína), deixa-se levar até um museu, onde ela discorre acerca de suas impressões pessoais sobre “A Madona dos Peregrinos” (1604), de Caravaggio, obra cujo lençol branco seria um indicativo de morte precoce, ao que ele discorde: “ela parece orgulhosa”. Se ele morrer, este quadro será novamente trazido à tona – e, sim, ele morre! A fim de fugir da cadeia, aceita se deixar contaminar pela AIDS, e abandona a sua amada, para não fustigá-la com “o sangue, as dores, tudo aquilo que vem antes do fim”. De nada adiante, “quem ama, sofre”. Ponto. Assim lhe disse uma prostituta, que explode num automóvel. Quem ama, sofre!

Wesley PC>

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