terça-feira, 25 de agosto de 2009

O APARELHO IDEOLÓGICO DE ESTADO FAVORITO DE MUITA GENTE (REFLEXÕES PESSOAIS SOBRE O CONCEITO DE FAMÍLIA)

Há pouco mais de 3 horas, vi um interessantíssimo documentário israelense chamado “Filhos do Sol” (2007, de Ran Tal). O diretor é um dos próprios objetos investigados pela produção: a criação dos ‘kibbutz’, principalmente na década de 1930, sendo estas comunidades socialistas de caráter sionista com regras muito rígidas no que diz respeito à abolição do conceito burguês de família. Ou seja, as famílias que consentiram em viver sob tal regime deviam entregar seus filhos ainda recém-nascidos a um berçário coletivo, concordando em brincar com eles “a sós” somente três horas por dia. Eu, pessoalmente, achei normal e até bem-intencionada a proposta dos ‘kibbutz’, mas os personagens reais mostrados no filme, já velhos, discordavam bastante sobre os efeitos que tal criação incutiu sobre eles. Alguns concordavam, outros achavam abominável tal privação de conceitos essenciais ao indivíduo como “pai” e “mãe”. Eu, que fui criado praticamente sozinho (filho de pai ausente e mãe solteira que trabalhava 36 horas por dia), não achei nada de anormal na extrema rigidez da comuna. Culpa minha, acho!

Sobre o que é o filme: em cerca de 70 minutos, vemos imagens captadas na própria década de 1930, sobre as quais os comentadores falam sobre suas experiências, lembranças e retratações de infância. Discordava da maioria delas, ficava chateado quando eles choramingavam a falta de contato pessoal com seus pais biológicos ao mesmo tempo em que comemoravam toda a liberdade geográfica e etária de que dispunham. É facilmente perceptível que todos eles foram cooptados pelo capitalismo que seus ancestrais tentaram evitar. Eles até cantarolam o hino da “Internacional Socialista”, mas neste momento sentimos que eles sofreram realmente uma “lavagem cerebral”, conforme reclamavam. Quando vemo-los enquanto crianças, desfilando e praticando esportes que exigiam muito esforço físico, também. Quando vemo-los trabalhando, talvez não. Culpa minha, insisto!

Foi muito curioso no plano pessoal que eu tenha visto este filme depois de um compêndio de situações em que minha vinculação aos conceitos de “família” e “comunidade” esteja no paroxismo de sua crise inadmissional. Mal cheguei ao trabalho e perguntei a um amigo filosófico o que ele achava dos tais ‘kibbutz’ e a resposta veio sem titubear: “uma das melhores experiências comunistas que já li na vida”. Que bom que não fui só eu. Culpa nossa, acho!

Na foto, duas babás israelenses, que eram “tudo” na vida das crianças, segundo as próprias, depois de velhas.

Wesley PC>

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