domingo, 30 de agosto de 2009

“EU SOU O SENHOR TEU DEUS. NÃO TERÁS OUTROS DEUSES ALÉM DE MIM”


Semana passada, eu vi um filme impressionante chamado “Decálogo 1” (1988, de Krzysztof Kieslowski), no qual um cientista ateu responde de forma áspera às questões existenciais e religiosas de seu filho. Quando este último pergunta o que é a morte, depois de ter se deparado com um cachorro morto na neve, seu pai apenas responde: “morte é quando o sangue pára de chegar ao coração e este deixa de bater”. Mas o que é a alma, papai?”, insiste o menino. “Alma é apenas uma invencionice de pessoas que ainda não entenderam que a nossa função no mundo é apenas torná-lo um lugar melhor para as pessoas que virão em seguida”. Não vou contar como termina o filme!

Na manhã de hoje, assisti a um daqueles clássicos ‘pop’ norte-americanos: “Alguém Lá em Cima Gosta de Mim” (1977), dirigido pelo mestre da comédia inteligente Carl Reiner. Para minha surpresa, o filme é bobo, simplista e sem graça. Não que seja ruim, mas vindo de quem veio... A trama é de um simplismo absurdo: um gerente de supermercado recebe uma convocação de Deus, que insiste que ele divulgue a Sua existência, que Ele ainda está vivo, ao contrário do que dizem ou mostram por aí... Só vim entender a proposta óbvia do filme lá perto do final, quando ele se compara a um clássico filme de horror no qual a possessão demoníaca de uma menina fez com que as pessoas prestassem mais atenção no medo que sentem de Satanás. Por que o respeito a Deus não poderia ser conseguido através das mesmas vias (midiáticas)? Por quê?

Foi assim que uma coincidência esdrúxula fez sentido: na noite de ontem, vendo algumas bobagens na Internet, descobri um vídeo escroto no qual as seguidoras de INRI Cristo (uma figura bizarra que finge/acredita ser a reencarnação de Jesus na Terra) cantam, com visível constrangimento, uma versão pavorosa da canção “Umbrella”, mundialmente conhecida por causa da haitiana Rihanna. Percebi que regravações de canções ‘pop’ consagradas de Britney Spears, Beyoncé Knowles, Kate Nash e criaturas do gênero são freqüentes entre as patéticas seguidoras do charlatão. Fiquei até com verginha de rir, tamanha a bizarrice. O detalhe interessante é que as letras adaptadas insistem em defender a viabilidade de INRI Cristo utilizar a mídia sensacionalista como ferramenta de acesso aos crentes brasileiros, defesa compartilhada pelo decepcionante (mas não ruim) filme de Carl Reiner. O que está acontecendo com este mundo, oh, meu Deus?

Wesley PC>

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