domingo, 16 de agosto de 2009

EU AMO ODIAR FRANK CAPRA! (OU SERIA O INVERSO?)


Era um domingo como qualquer outro: minha mãe se preparava para dar banho nos cachorros, meu irmão lavava um automóvel alheio para ganhar alguns trocados, eu escutava com atenção a um CD do Gram, ao qual comentarei em seguida, meu vizinho “fornecedor” jogava no computador, etc., etc.. Aí eu inventei de tornar o domingo ainda mais típico: “que tal ver um filme do Frank Capra, Wesley?”. Taquei “Loura e Sedutora” (1931) no reprodutor de DVDs e senti aquela raiva gostosa que me acomete sempre que vejo algo do Frank Capra. Falsário, nojento, com todo aquele discurso contra o pedantismo dos ricos, mas ganhando rios e rios de dinheiro com estes filmes ideológicos até a medula! Mas que domínio do ritmo narrativo, que direção de atores, que uso das convenções clássicas hollywoodianas! Frank Capra consegue calar a minha boca!

Por mais que eu estivesse abominando a trama (um jornalista vai cobrir um escândalo romântico envolvendo uma família influente norte-americana e termina se casando com a personagem-título, mas se sente “um pássaro preso numa gaiola dourada”), a maravilhosa seqüência em que marido e mulher parodiam uma famosa canção de ninar estadunidense com uma letra sobre se deveria ou não “comer espinafre e lavar atrás das orelhas por amor” me fez ficar caidinho pelo filme, imaginar-me no lugar do personagem principal... É isso o que o filme queria: manipular as ilusões de seu público! E ninguém faz isso tão bem quanto estes mestres narrativos surgidos na década de 1930! Terminada a sessão, a raiva volta, mas quem garante que eu consiga expressá-la adequadamente? Ai, ai, domingo...

Wesley PC>

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