domingo, 9 de agosto de 2009

CAUSAS x EFEITOS NO CINEMA HOLLYWOODIANO DE HOJE:


Carl (Jim Carrey) é um funcionário responsável pelo setor de empréstimos de um banco. É obrigado a dizer NÃO para seus clientes várias vezes por dia. Enfastiado de trabalho, reluta sempre em sair com os amigos, rejeitando veementemente os seus convites para ficar em casa, sozinho, vendo filmes. Não tem mais sequer disposição para se masturbar, até que, num dia qualquer, reencontra um amigo do passado, que o leva a uma palestra de auto-ajuda onde é convencido a dizer SIM para o quer que seja. Na saída mesmo da palestra, é abordado por um mendigo, que pede uma carona e o celular emprestado. Ele diz sim. Conhecerá a mulher de sua vida em seguida. Não sei se é preciso contar o que acontece em seguida, mas o final é feliz. Hollywood está acostumada a contar este tipo de história...

Quando digo que “Hollywood está acostumada a contar este tipo de história”, detecto uma estranha ironia: o que leva a grande manipuladora de fantasias espectatoriais a lançar no mercado, anualmente, pilhas e pilhas de filmes que, apenas na aparência, falem mal de instituições que ela defendeu durante décadas? A resposta está na própria pergunta: a aparência! No filme em pauta, por exemplo, o protagonista é perseguido pelo FBI ao realizar viagens improvisadas, manter relações com uma mulher iraniana e aprender a falar coreano. A sua liberdade de escolha é minuciosamente vigiada e qualquer sobressalto personalístico deve ser encarado como suspeito. Porém, o diferencial neste filme [“Sim Senhor!” (2008, de Peyton Reed)] é que, tal qual acontece nos hilários e dramáticos filmes produzidos sobre a égide de Judd Apatow, traços pitorescos da globalização tecnocrática ‘nerd’ contemporânea são apresentados no filme, seja no que diz respeito ao chefe do protagonista, que organiza uma festa a fantasia baseada nos personagens de J. K. Rowling, seja nas composições da banda modernosa da simpática personagem de Zooey Deschanel, que canta sobre MySpace, Facebook, ‘hackers’ e telefonemas de amor que devem ser feitos às 22h59’ e não às 23h. Ao terminar o filme, parece viável recorrer a terapias de auto-ajuda e, confesso, fiquei tentado a repetir alguns dos passos exagerados seguidos pelo protagonista. Explicarei o porquê:

Tal qual ele, trabalho num cubículo iluminado, mais de 8 horas por dia. Sou obrigado a dizer NÃO várias e várias vezes a pessoas esperançadas que buscam o meu atendimento profissional por dia e tendo a rejeitar convites que amigos me propõem, visando a me divertirem um pouco. Seria eu muito tolo em acreditar nisso? Eu que, neste exato momento, estou baixando canções ‘pop’ que embalaram a minha madrugada erótica? Basta dizer que, no filme visto antes desse que comento [“Pups” (1999, de Ash)], um garoto de 13 anos armado com o revólver que encontrara no quarto de sua mãe ausente, usuária de vídeos pornográficos para atenuar sua depressão pós-empregatícia, invade um banco e faz de reféns funcionários e clientes do local. Em dado momento, um deficiente físico diz a um senhor idoso que este não sabe de verdade o que é viver sem ter experimentado ácido lisérgico ou cogumelos alucinógenos. Eu nunca experimentei nenhum dos dois (quer dizer, no caso dos cogumelos, até experimentei, mas o gosto ruim do produto me fez ser parcimonioso na ingestão do mesmo), será que não sei o que é viver? Que seja!

“This truth is hiding in your eyes,
And it's hanging on your tongue.
Just boiling in my blood, but you think that I can't see.
What kind of man that you are?
If you're a man at all. Well, I will figure this one out
On my own...
I'm screaming 'I love you so'...(On my own...)
But my thoughts you can't decode!”

Jim Carrey é uma espécie de alter-ego de pessoas como eu… Na cena mostrada em fotograma, por exemplo, ele está a se divertir com 'durex', homenageando assim um famoso personagem literário de Victor Hugo. Atingiu-me em cheio com isso!

Wesley PC>

3 comentários:

américo disse...

adoro a zooey, ainda não vi esse filme, tenho que ver?

américo disse...

errat: tenho que ver! ********

Pseudokane3 disse...

Sim, veja!

E ela canta muito neste filme... Maravilha!

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