domingo, 9 de agosto de 2009

CANONIZAÇÃO TARDIA (DE MINHA PARTE) PARA UM RECÉM-FALECIDO!


No último dia 6 de agosto, aniversário da glande de Rafael Maurício, morreu John Hughes, diretor e produtor de filmes sagrados da adolescência de quem nasceu na primeira metade da década de 1980. À época, eu não apreciava muito os seus filmes, exibidos trocentas vezes na “Sessão da Tarde” da TV Globo. Como um legítimo sociopata, achava-me velho demais para a minha idade. Ao rever tardiamente os clássicos “Clube dos Cinco” (1985) e “Antes Só do que Mal Acompanhado” (1987), foi que percebi o quanto este diretor estava além dos estereótipos. Lamento tê-lo reconhecido tardiamente, mas, ao menos posso me vangloriar de ter sido um dos guris salvos pela identificação com sua obra-prima, “Curtindo a Vida Adoidado” (1986). Ao contrário de quase qualquer outro ser humano, não era o protagonista Ferris Bueller (Mathew Broderick, inspiradíssimo) quem me inspirava, mas o solitário e hipocondríaco Cameron, vivido pelo subaproveitado Alan Ruck.

Perdi a conta de quantas e quantas vezes revi este filme (quase) perfeito e me encantava quando Cameron encetava canções sobre sua própria morte e, enquanto todos se divertiam em Nova York, ele só se preocupava com um (im)provável reencontro com seu pai ditatorial, que dava mais atenção a um automóvel do que a seu filho deprimido. Sorria ao perceber que um espaço para o tipo esquisito de ‘freak’ que eu era fosse criado com respeito por Hollywood. E é nesse espírito que eu exaltava diante daquela magnífica seqüência em que todos os personagens são impulsionados para uma frenética apresentação de “Twist and Shout” num desfile público. Extraordinário filme! E olha que eu era um CDF abobalhado, nunca pensaria em faltar aula, nem em ser aceito gregariamente que nem os personagens do filme... Outros tempos, felizmente!

RIP, John Hughes (1950-2009)!

Wesley PC>

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