sábado, 18 de julho de 2009

“POR ISSO, A MAIORIA DE TEUS AMIGOS TÊM 14 ANOS DE IDADE!”


A minha relutância em sentir que estou a competir com alguém faz com que não seja aficionado por jogos eletrônicos. Nem mesmo pequeno, me sentia contente em bater em oponentes virtuais. Por algum tempo, inclusive, meu irmão mais velho adquiriu uma borracharia e incluiu um fliperama no lugar. Eu fui obrigado a tomar conta do local por algumas noites. Meninos (alguns bonitos) gastavam fortunas naquelas máquinas. E eu me encolhia de vergonha, crente que, a qualquer momento, eles podiam parar de espancar seus inimigos computadorizados e me encher de porrada. Sobrevivi, felizmente!

Hoje pela manhã, vi um dos filmes cabais no processo cinematográfico de inserção da realidade virtual: “Tron, uma Odisséia Eletrônico” (1982, de Steven Lisberger), famoso pelo sobejo de efeitos especiais, memoráveis à época. Vi por causa da trilha sonora de Wendy Carlos, mas confesso que depositava algumas esperanças sobre o filme. Elas falharam!

Sobre o que é a trama: o clichê básico! Um programador jovem de computadores, que se diverte a perder noites e mais noites a criar jogos, é despedido da empresa para a qual trabalha e um rival se apropria de suas invenções, torna-se diretor executivo da empresa e cria um ambiente virtual que logo ganha vida própria e se nutre dos desejos de dominar o mundo, através da invasão simultânea do Pentágono norte-americano e do Kremlin soviético. Porém, o programador é convertido em ‘bits’ e lançado no interior do sistema. Torna-se parte de um jogo eletrônico, sua especialidade. Obviamente, sabemos desde a primeira cena que ele vencerá o jogo e o filme. “Vitória dos humanos”, diz o roteiro, mas, quem quer que tenha o visto o filme na época em que ele foi lançado, só elogiava os efeitos especiais. Quase ninguém lembra que Jeff Bridges atuou ali. Seria mesmo vitória dos humanos? Na última imagem, os personagens de carne e osso do filme sobrem na cobertura do prédio em que trabalhavam e contemplam a paisagem urbana a seu redor: concreto, aço e luzes, muitas luzes e tecnologia. Repito a pergunta: vitória dos humanos?

A minha reação a este filme podia resvalar nos mesmos motivos que me fizeram ter restrições a filmes-marco na luta “vitoriosa” de humanos sobre as máquinas como “Matrix Revolutions” (2003, de Andy & Larry Wachowski), por exemplo, mas perverti tal reação para um âmbito pessoal, já que externei inúmeras vezes os ciúmes que sinto destes jogos, que levam meninos queridos para longe de mim. Ao menos, no plano virtual. É minha sina de auto-vítima balizando meus textos e intentos espectatoriais mais uma vez! Estou condenado: vai-te foder, Wesley!

Wesley PC>

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