terça-feira, 21 de julho de 2009

OS MUTANTES TAMBÉM ENTENDEM MUITO DE TRISTEZA!


Todos que sabem onde eu trabalho, devem imaginar o quanto me cansei no dia de ontem. Dia de matrícula no DAA. Funcionamos das 8h da manhã até às 21h, quase ininterruptamente. Ao chegar em casa, não dormi. Desmaiei. Capotei. Não eram nem 22h30’ e estava atirado à cama de minha mãe, depois de ler o penúltimo capítulo de uma obra-prima nacional. Sonhei que uma amiga minha morria diante de si mesma. Explico: ela possuía um alter-ego loiro, uma espécie de irmã gêmea, que era pilota de corridas. Ela estava ao meu lado, quando viu sua gêmea acidentar-se na TV. Acordei com dores em todo o corpo, com torcicolo. Detesto dormir demais!

Escolhi um CD daquela forma que todos já conhecem. Saiu “A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado” (1970), dos gênios Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias. Repeti “Ave, Lúcifer” mais de uma vez. É uma de minhas surpreendentes canções favoritas. Cozi um miojo de queijo, enquanto escolhi que filme ver. Optei por “As Amorosas” (1968, do mestre melancólico Walter Hugo Khouri), que urgia em meu armário há semanas. Não sei se fiz certo. O filme é extraordinário. Trilha sonora: Rogério Duprat, executada por Os Mutantes. Para quem considera esta banda extraordinária apenas “eufórica”, garanto que será um choque percebê-los musicando um estupro. Filme maravilhoso, música sublime!

Na trama, o protagonista Marcelo (Paulo José) se lamenta o tempo inteiro: por que eu tenho que trabalhar? Por que eu não gosto de quase nada? Por que eu sinto este vazio tão grande? Por que o tempo é tão fugidio? Por que eu amo tanto? Por que eu amo tão pouco? Por quê? Por quê? Por quê? O tempo se desenrola e as perguntas não são respondidas, ao contrário, se acumulam. Ele tem uma irmã querida (Lílian Lemmertz), que sente saudades deles, mas, quando ele está presente, “a falta é bem pior”! Ela tem uma companheira de quarto, por quem ele se sente atraído, mas a acha vulgar. Ela trabalha na TV. Ela é vulgar e chega a parecer feliz, por causa disso. De repente, ele se envolve com outra mulher, que considera inteligente, que estuda Cinema. Numa cena impactante, eles se encontram num concerto d’Os Mutantes. ‘Close-up’ no rosto de Rita Lee. “Por que vocês estão a ouvir esta banda que canta músicas de protesto?”. “A culpa é da bomba!”.

Não será de bom tom resumir do que mais se trata o filme. É magnífico e a tristeza que ele passa não é contaminante. É real! Já estava lá, antes de o filme começar. A culpa é de quem desperdiça o mundo. A culpa é de quem se desperdiça! E o filme não sai de minha cabeça... E nem a música... E nem uma ou duas ou três pessoas que amo...

“O meu refrigerador não funciona
Eu tentei tudo, eu tentei de tudo
Não funciona. Não, não, não!
O meu refrigerador não funciona”...

De que adianta?

Wesley PC>

3 comentários:

Anônimo disse...

Você tem esse filme, werlinho?

Barba.

Gomorra disse...

Agora sim!

Pseudokane3 disse...

Que maravilha, que maravilha...

Agora é um filme triste, Rafaelzinho, na linha daquele filme do Luiz Sérgio Person, que eu desejo passar para Ayalla e tu não gostaste, numa primeira visão...

Então... Temos agora um pacto, supondo que um dia voltemos a nos encontrar carnalmente. Maravilha de filme! A estória de minha vida atual!

Amo demais, Rafael. Eis a minha sina!

E viva Os Mutantes!

E viva Walter Hugo Khouri, que sempre me faz lembrar o (ex-) Perfeito!

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